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FERVURA SOCIAL
Secretaria Nacional de Segurança Pública pediu monitoramento de entidades sociais no Estado
Governo pediu para a polícia espionar movimentos em SP
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dias depois de barulhentas manifestações contra o governo federal em Brasília, integrantes do
governo tucano de Geraldo Alckmin e do PT do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva trocaram acusações sobre espionagem a movimentos sociais.
Tudo começou com a divulgação de um e-mail enviado pela Dipol (Divisão de Operações de Inteligência), ligada ao governo
paulista, solicitando informes às
delegacias de São Paulo sobre
"qualquer tipo de manifestação
popular de movimentos sociais".
Citava entidades que reivindicam
a reforma agrária, como o MST e
o Via Campesina, sindicatos
(CUT e CGT), grupos estudantis
(UNE e Movimento dos Sem Universidade), entre outros -algumas das quais participaram de
ações na quinta-feira em Brasília,
que terminaram em enfrentamento com a polícia.
O delegado-geral de polícia de
São Paulo, Marco Antonio Desgualdo, nega que esteja espionando os movimentos sociais e acusa
o governo federal. "Só atendemos
a um pedido da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), que nos enviou ofício no dia
18 pedindo para acompanhar a
movimentação", afirma.
Anteontem, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, negou
ter pedido o monitoramento de
movimentos sociais em São Paulo
e afirmou que "não há polícia política" em sua pasta.
Mais direto nas críticas, o deputado estadual Renato Simões
(PT), presidente da Comissão de
Direitos Humanos da Assembléia
Legislativa de São Paulo, fez críticas à ação da Dipol.
"Esse tipo de investigação remonta aos tempos do Dops (a antiga polícia política do regime militar). Revela uma concepção de
inteligência policial gestada na ditadura que ainda hoje é uma caixa-preta", afirmou.
Simões reuniu representantes
das entidades citadas no e-mail da
Dipol, que pediram uma audiência com Alckmin para protestar
contra o "monitoramento descabido", na última quinta-feira.
Agendou também um manifesto
de repúdio para a próxima terça-feira. "Não há justificativa para
tratar esses agentes sociais como
agentes da desordem. "
De acordo com a assessoria de
imprensa do Ministério da Justiça, a Senasp encaminhou à Polícia
Civil de São Paulo um pedido de
informações logísticas sobre os
participantes das manifestações
ocorridas em Brasília.
O objetivo era saber quantos
ônibus sairiam do Estado e quantas pessoas participariam dos
protestos, informações que seriam utilizadas no planejamento
do trajeto de autoridades estrangeiras que visitaram o Ministério
da Justiça no dia dos protestos. A
questão é que esta tarefa não cabe
à Senasp, mas à Polícia Militar do
Distrito Federal e à Polícia Federal. A assessoria do ministério nega irregularidades.
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