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ARQUIVOS DO NAZISTA
Em ensaio, Mengele diz que os judeus usavam os meios de comunicação para manipular a humanidade
Para alemão, mídia mentiu sobre o nazismo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Num dos ensaios mais abrangentes encontrados entre os pertences de Josef Mengele, o médico
nazista relaciona a dissolução cultural -em marcha, segundo ele,
no final dos anos 60- aos meios
de comunicação de massa, que seriam "as verdadeiras e prováveis
causas dos sintomas e misérias do
nosso tempo". Para Mengele, as
informações e idéias que os meios
de comunicação divulgavam sobre o nazismo eram uma "propaganda inacreditável".
Sem escrever a palavra "judeu",
atribui a esse povo a responsabilidade pelo "espírito perverso" que
seria criado na sociedade pelos
meios de comunicação de massa.
Os judeus eram, para Mengele, os
controladores da mídia.
O texto, apesar de apresentado
em forma de uma carta ao amigo
Wolfgang Gerhard, é escrito em
terceira pessoa e dirigido a um leitor imaginário, o que indica a tentativa de produzir um ensaio, não
só uma correspondência.
Segundo Mengele, "todas as comunicações, no sentido mais amplo da palavra, que nos alcançam
são filtradas, recortadas, tingidas,
aumentadas e, em parte não insignificante, inverídicas". Haveria, segundo ele, "esforços para
evitar a informação de fatos puros, assim como a igreja proíbe ao
leigo de ler a Bíblia original".
Ao falar de uma juventude em
degeneração, Mengele diz que "o
que acontece hoje não é uma mudança de estilo, mas uma perda de
estilo". A prova estaria no modo
de vestir dos jovens e até nas formas de tratamento usadas pelos
"homens modernos", com referência à cultura norte-americana.
"Cachorros não se saúdam, eles se
cheiram. Nós estamos no melhor
dos caminhos para tais formas de
trato entre animais, se homens
modernos somente se saúdam
com um "hou?" (how are you?) [do
inglês: como vai você?]".
Para Mengele, o excesso de cenas de nudez e sexo na TV ensina
"uma população média" a considerar natural o conteúdo sexual
em filmes. Nessa população "excitada", "até a propaganda mais
inacreditável possui chances de
crédito. Um exemplo é a propaganda dos horrores do nazismo".
O médico volta a atacar os judeus. Diz que "o espírito perverso
deste mundo mau é feito por esse
pequeno grupo de pessoas que
possuem os meios de comunicação de massa nas suas mãos e que,
assim, conseguem manipular o
resto da humanidade".
"Quem, por exemplo, são as
pessoas que representam o aparelho de recursos humanos da ONU
e das suas organizações adjacentes? Os mesmos que ocupam 80%
das poltronas nas salas de redação
da imprensa mundial? [...] Revela-se, por exemplo, que 70% de
todos os médicos militares americanos pertencem a essas pessoas.
Ou que a grande maioria de todos
os psicanalistas nos EUA, que
possuem uma enorme influência
na vida lá, pertencem à mesma raça "nobre", como o fundador daquela psicologia dos complexos
sexuais reprimidos [em referência a Sigmund Freud, austríaco de
ascendência judaica]".
No final do texto, Mengele diz
ao seu amigo austríaco que as opiniões de uma pessoa chamada R.
-provavelmente Rolf, seu filho,
que não concordava com as idéias
nazistas- "só são resumos de toda essa verborragia que chuvisca
desde 1945 sem parar sobre esses
pensadores jovens".
(ANA FLOR E ANDRÉA MICHAEL)
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