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CRISE NOS ESTADOS
Operação busca policiais, políticos, juízes e empresários suspeitos de envolvimento com o crime organizado
PF ocupa Alagoas para combater 'máfia'
ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió
A Polícia Federal enviou 110 homens ao Estado de Alagoas numa
megaoperação que tem como objetivo identificar e prender policiais, políticos, empresários e juízes suspeitos de envolvimento
com o crime organizado.
Essa é a maior operação da PF em
andamento no país. Entre os agentes, há homens do GOT (Grupo de
Operações Táticas), a elite do departamento, equipados com helicóptero, camionetes importadas e
armas pesadas, como fuzis automáticos M-16, metralhadoras e fuzis com mira a laser.
A chegada do reforço da PF coincidiu anteontem com o pedido de
demissão do secretário da Segurança do Estado, general do Exército José Siqueira Silva, que havia
sido indicado pelo Palácio do Planalto para reformular a forma de
agir da polícia alagoana.
O general saiu depois de afirmar
que políticos, empresários e juízes
estariam envolvidos com o crime
organizado. O governador Manoel
Gomes de Barros (PTB) não gostou de saber do envolvimento de
autoridades por meio da imprensa
e se indispôs com o secretário, que
pediu demissão.
A queda do general provocou
"angústia e medo" na população
alagoana, segundo a prefeita de
Maceió, Kátia Born (PSB). "Sem
intervenção federal e ajuda externa, Alagoas não terá a limpeza
profunda de que precisa", disse.
A PF solicitou ontem à Justiça a
quebra dos sigilos bancários das 25
pessoas presas até agora sob suspeita de integrar a chamada "gangue fardada".
O objetivo é confirmar -ou
não- as suspeitas de transferência de dinheiro obtido com o roubo de carros e bancos, e assassinatos de aluguel, para financiamento
de campanhas eleitorais. Dos 25
presos, 18 são policiais.
Quatro dos 27 deputados estaduais de Alagoas já estão sendo investigados. Ontem, o diretor do
Departamento Pessoal da Assembléia Legislativa, Ivaldo Buarque,
confirmou que a Receita Federal já
está fazendo uma devassa fiscal no
Imposto de Renda de funcionários
e deputados da Casa.
Segundo ele, até disquetes com
dados da folha de pagamento foram levados pelos auditores do Tesouro. A Agência Folha tentou localizar ontem o presidente da Assembléia, deputado João Neto
(PSDB), mas sua assessoria informou que ele estava em Brasília.
Perseguição
O caso começou com a prisão de
um simples soldado da PM com
um carro roubado e provocou, no
último dia 16, a prisão do coronel
da Polícia Militar Manoel Cavalcante, a "personalidade mais polêmica de Alagoas", como define
seu próprio advogado. Para a polícia, Cavalcante seria o líder do crime organizado no Estado.
O coronel depôs ontem como
réu em processo na Justiça em que
é acusado de receptação dolosa
(intencional) de veículos e formação de quadrilha. Temendo as
ameaças de morte que têm recebido, os integrantes do Judiciário
decidiram interrogar o coronel em
grupo, com 13 juízes, uma forma
de não personalizar as decisões.
O coronel disse estar sendo perseguido politicamente. Na sua versão, seu nome está sendo lançado
devido ao fato de que é um forte
candidato a deputado estadual pelo PTB, mesmo partido do governador Barros.
"Não importa a patente, o cargo
que ocupe. Todos os que fizeram
irregularidades vão para a cadeia",
afirmou Barros. Ele discorda de
afirmações de políticos opositores
e entidades como a OAB de que a
saída do general José Siqueira Silva
provoca o enfraquecimento das
investigações. Ele nomeou o delegado de carreira João Mendes para
a secretaria.
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