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DOCUMENTO
Ex-primeira-dama afirma que papel foi forjado para justificar padrão de vida da família Pitta
Nicéa admite que assinou contrato falso
da Sucursal de Brasília
e free-lance para a Folha
A ex-primeira-dama de São Paulo
Nicéa Pitta admitiu
ontem em seu depoimento à CPI dos
Medicamentos que
assinou um contrato falso de
prestação de serviços ao empresário Jorge Yunes, em 1997.
Nicéa disse que o prefeito Celso
Pitta (PTN-SP) foi o responsável
por forjar o contrato, que foi usado para justificar o padrão de vida
da família. "Ele (Pitta) disse que,
para justificar as nossas despesas,
eles usaram esse artifício. Eu assumo essa mentira", afirmou.
O contrato, no valor de R$ 115
mil, é de 2 de janeiro de 1997, com
duração de um ano, e previa que
Nicéa prestaria serviços de pesquisa e indicação de objetos de arte à venda para Yunes. Ela disse
que não é especialista em artes.
O documento foi apresentado
pelo deputado Neuton Lima
(PFL-SP). Segundo ele, o contrato
foi montado para justificar a origem da renda da família Pitta durante a CPI dos Precatórios. Lima
não quis revelar como conseguiu
o documento. Mais tarde, ele afirmou que os papéis chegaram a ele
de forma anônima. "Chegou a
minhas mãos. Tive cautela de perguntar a ela se reconhecia sua assinatura no contrato, porque o
documento poderia ser falso."
Inicialmente, respondendo a
uma pergunta de Lima, Nicéa disse que nunca havia trabalhado
com Yunes. Em seguida, quando
o deputado mostrou a cópia do
contrato, mesmo à distância, ela
confirmou que era sua a assinatura na última das duas páginas.
Nicéa contou uma história confusa para explicar o contrato. Ela
disse que o documento foi preparado às vésperas de um depoimento que ela prestaria ao Ministério Público em São Paulo, mas
afirmou não se lembrar de qual
depoimento se tratava.
"Fui a tantos depoimentos que
não consigo me lembrar qual era
esse", disse. Sobre o depoimento,
a ex-primeira-dama citou apenas
um nome: "dr. Alberto", que seria
um promotor de Justiça.
Afirmou que, inclusive, não
soube na ocasião explicar ao Ministério Público detalhes sobre as
peças de arte que havia indicado a
Yunes. "Não sei mentir", afirmou.
Após reconhecer sua assinatura, Nicéa recuou e afirmou que o
contrato havia sido preparado
sem o seu conhecimento. Ao ser
questionada com mais veemência
pelo deputado, disse que assinou
um papel em branco. "Eu acredito que assinei em branco. Quando
eu ainda confiava no meu ex-marido, eu assinava em branco para
levar para o Imposto de Renda."
Para o deputado Neuton Lima,
o fato de Nicéa ter admitido que o
documento é falso suscita dúvidas sobre o restante de seu depoimento.
(LD e VO)
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