São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2000


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DOCUMENTO
Ex-primeira-dama afirma que papel foi forjado para justificar padrão de vida da família Pitta
Nicéa admite que assinou contrato falso

da Sucursal de Brasília

e free-lance para a Folha


A ex-primeira-dama de São Paulo Nicéa Pitta admitiu ontem em seu depoimento à CPI dos Medicamentos que assinou um contrato falso de prestação de serviços ao empresário Jorge Yunes, em 1997.
Nicéa disse que o prefeito Celso Pitta (PTN-SP) foi o responsável por forjar o contrato, que foi usado para justificar o padrão de vida da família. "Ele (Pitta) disse que, para justificar as nossas despesas, eles usaram esse artifício. Eu assumo essa mentira", afirmou.
O contrato, no valor de R$ 115 mil, é de 2 de janeiro de 1997, com duração de um ano, e previa que Nicéa prestaria serviços de pesquisa e indicação de objetos de arte à venda para Yunes. Ela disse que não é especialista em artes.
O documento foi apresentado pelo deputado Neuton Lima (PFL-SP). Segundo ele, o contrato foi montado para justificar a origem da renda da família Pitta durante a CPI dos Precatórios. Lima não quis revelar como conseguiu o documento. Mais tarde, ele afirmou que os papéis chegaram a ele de forma anônima. "Chegou a minhas mãos. Tive cautela de perguntar a ela se reconhecia sua assinatura no contrato, porque o documento poderia ser falso."
Inicialmente, respondendo a uma pergunta de Lima, Nicéa disse que nunca havia trabalhado com Yunes. Em seguida, quando o deputado mostrou a cópia do contrato, mesmo à distância, ela confirmou que era sua a assinatura na última das duas páginas.
Nicéa contou uma história confusa para explicar o contrato. Ela disse que o documento foi preparado às vésperas de um depoimento que ela prestaria ao Ministério Público em São Paulo, mas afirmou não se lembrar de qual depoimento se tratava.
"Fui a tantos depoimentos que não consigo me lembrar qual era esse", disse. Sobre o depoimento, a ex-primeira-dama citou apenas um nome: "dr. Alberto", que seria um promotor de Justiça.
Afirmou que, inclusive, não soube na ocasião explicar ao Ministério Público detalhes sobre as peças de arte que havia indicado a Yunes. "Não sei mentir", afirmou.
Após reconhecer sua assinatura, Nicéa recuou e afirmou que o contrato havia sido preparado sem o seu conhecimento. Ao ser questionada com mais veemência pelo deputado, disse que assinou um papel em branco. "Eu acredito que assinei em branco. Quando eu ainda confiava no meu ex-marido, eu assinava em branco para levar para o Imposto de Renda."
Para o deputado Neuton Lima, o fato de Nicéa ter admitido que o documento é falso suscita dúvidas sobre o restante de seu depoimento. (LD e VO)


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