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CÂMARA
Aliados de Pitta concordam em instalar comissão, mas acreditam poder livrar prefeito de impeachment
Base governista já aceita investigação
JOÃO CARLOS SILVA
CHICO DE GOIS
da Reportagem Local
A decisão da Justiça de afastar o
prefeito Celso Pitta
(PTN) do cargo
desmantelou a base
que o apoiava na
Câmara. Apesar de o prefeito ter
conseguido derrubar seu afastamento, agora 45 dos 55 vereadores são favoráveis ao início de um
processo de impeachment.
Entre os votos favoráveis, 20 são
da oposição. Os outros vêm de
partidos como PMDB, PPB e
PTB, que integram a base governista. Há oito parlamentares indecisos, todos da base governista.
A decisão peemedebista de
apoiar o início do processo de impeachment foi tomada anteontem à noite. Ontem, foi a vez do
PTB engrossar a lista dos favoráveis à criação de uma comissão
processante para investigar Pitta.
"Como as denúncias da OAB
chegaram à Câmara, tomamos
uma decisão", disse ontem o líder
do PTB, José Amorim, que antes
defendia a necessidade de haver
provas contra o prefeito para que
o partido apoiasse a apuração.
A criação de uma comissão processante depende de 33 parlamentares. Apesar de haver votos
de sobra para aprovar a comissão,
não há no Legislativo garantia de
que esses mesmos parlamentares
manterão seus votos em uma votação final de impeachment.
A Folha apurou que o apoio de
governistas à investigação está
respaldado em três pontos, nenhum deles contra Pitta. O primeiro é dar uma resposta à sociedade e mostrar que as denúncias
contra o prefeito estão sendo investigadas pelo Legislativo. Com
isso, a base governista também
descarta a criação de uma CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) e afasta o risco de ser ela
própria investigada na Câmara.
Oficialmente, no entanto, a alegação é que uma CPI seria transformada em "palanque político"
pela oposição. "A comissão processante é mais rápida. A CPI pode durar até 180 dias", disse o líder
do PMDB na Câmara, Jooji Hato.
A criação da CPI, proposta pelo
José Eduardo Martins Cardozo
(PT), depende de 28 votos. O pedido está parado porque a oposição não consegue obter apoio.
O terceiro aspecto que levou governistas a defenderem a comissão processante surgiu da expectativa de que a Câmara não encontre provas para acatar as denúncias apresentadas pelo presidente da OAB-SP, Rubens Approbato Machado, contra Pitta.
"Se o pedido não tiver o mínimo
de indícios, vai ser difícil afastar o
prefeito", disse um vereador da
base governista. "Mas se surgir
um fiapo de prova, o impeachment ocorre em 15 dias", afirmou.
A base governista crê em poder
livrar o prefeito na votação final
do impeachment, que teria de
ocorrer 90 dias após a criação da
comissão processante. Se o processo chegar a essa fase, serão necessários 37 votos para tirar Pitta
do cargo. A votação é secreta.
A Câmara pode criar hoje a comissão especial que vai analisar as
denúncias da OAB-SP. A comissão, composta por sete integrantes e que deve contar com maioria
governista, terá poder para decidir se as denúncias contra Pitta
devem ser apuradas ou não.
Apenas se houver um parecer
favorável da comissão especial a
decisão terá de ser endossada pelo
plenário. É nessa fase que o voto
de 33 vereadores garante a criação
da comissão processante.
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