São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2000


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MÍNIMO
Comissão de análise do aumento será composta por líderes do PMDB e do PSDB na Câmara e no Senado
Governo usa aliados para enfrentar ACM

RAQUEL ULHÔA
DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília

A queda-de-braço entre o governo e o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), em torno do salário mínimo inicia hoje novo "round", com a instalação da comissão mista que vai examinar a MP (medida provisória) que fixou o piso nacional em R$ 151.
O governo se armou dos aliados mais influentes para enfrentar ACM. Os próprios líderes do PMDB e do PSDB na Câmara e no Senado vão compor a comissão. Pelo critério definido no regimento, por coincidência os cargos de relator e de presidente ficarão com o PMDB.
O líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), escolheu um deputado de sua "inteira confiança" para ser o relator -Armando Monteiro (PE)- e já garantiu que ele irá manter o salário mínimo de R$ 151, a não ser que o próprio governo mude de posição.
ACM acelerou a tramitação da MP. Segundo calendário que leu ontem em plenário, hoje mesmo termina prazo para apresentação de emendas à comissão, que terá de votar o relatório final até 7 de maio. O prazo para votação em plenário termina em 22 de maio. Ele pediu "esforço" para que os prazos sejam cumpridos.

Recado de FHC
O presidente do Senado voltou a dizer que não abre mão de tentar elevar o valor do salário mínimo para o equivalente em reais a US$ 100. Ele comentou o pedido do presidente Fernando Henrique Cardoso de apoio a todos os partidos da base.
"Não recebo recados, de modo que, para mim, não foi. O PFL também não recebe recados. É um aliado correto do presidente e examina todas as proposições que o presidente manda para serem votadas.
Quem fala pelo PFL é o senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), presidente do partido. Agora, eu mantenho meu número (cerca de R$ 180)", disse.
Bornhausen afirmou que a posição do partido será decidida amanhã, em reunião da executiva nacional, e que será levada a FHC. Ele está tentando unificar o discurso dos pefelistas.
O líder do PFL no Senado, Hugo Napoleão (PI), não se indicou para ocupar a comissão, mas foi cauteloso ao escolher os nomes.
"Escolhi Paulo Souto (PFL-BA), uma pessoa extremamente ligada ao presidente Antonio Carlos Magalhães, e José Jorge (PE), da total confiança do vice-presidente, Marco Maciel, e do presidente do partido, senador Bornhausen", afirmou.
O presidente nacional do PMDB e líder de sua bancada no Senado, senador Jader Barbalho (PA), mostrou ontem disposição para tumultuar a comissão.
Distribuiu requerimento que irá apresentar hoje pedindo que as MPs que fixaram os salários mínimos de 1996 até 99 tramitem junto com a dos R$ 151.
Elas nunca foram votadas e sempre foram sucessivamente reeditadas pelo governo.
Jader reconhece que seu gesto não terá qualquer efeito prático. O objetivo é "ressaltar que só dessa vez houve interesse especial em votar a MP do salário mínimo".


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