São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2000


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REAÇÃO
Força Sindical invade prédio do INSS em SP como protesto
Ato contra novo mínimo reúne 10 mil manifestantes no Rio

da Sucursal do Rio

da Reportagem Local

Cerca de 10 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, se manifestaram ontem no centro do Rio contra o governo federal. O ato foi convocado pela UNE (União Nacional dos Estudantes, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), para protestar contra o novo salário mínimo, de R$ 151,00.
A concentração foi às 10h, em frente à igreja da Candelária. Em seguida, o grupo saiu em passeata até a Cinelândia, interrompendo o trânsito de veículos na avenida Rio Branco.
Os estudantes secundaristas eram maioria na manifestação. Com o rosto pintado, eles aproveitaram para reafirmar suas reivindicações de ensino público e gratuito e de redução das mensalidades nas escolas particulares. No final do ato, um confronto entre militantes do PSB e do PC do B envolveu cerca de dez secundaristas.
À reclamação contra o salário mínimo se juntaram outras, transformando a passeata num coro dos descontentes. Questões como as denúncias de corrupção na polícia fluminense e a poluição da lagoa Rodrigo de Freitas foram também levantadas pelos manifestantes.
"Te cuida, FHC. Quem tirou Collor vai também tirar você", foi o slogan preferido dos cara-pintadas. Poupado da maioria dos ataques verbais, o governador Anthony Garotinho foi vaiado quando se falou na "banda podre" da polícia e no salário dos professores da rede estadual de ensino.
O vice-presidente da UBES, Andrezinho Bernardes, defendeu a nova bandeira de luta dos secundaristas: "Queremos que o governo garanta 50% das vagas nas universidades públicas para os estudantes oriundos da escola pública", disse.
As manifestações estudantis contra o novo salário mínimo continuam hoje em São Paulo e amanhã em Belo Horizonte. Na capital paulista, o ato terá ainda como eixo o "Fora Pitta".
Para o presidente da UNE, Wadson Ribeiro, o escândalo na prefeitura paulistana é garantia de sucesso para o ato de hoje: "Estamos trabalhando com a expectativa de 20 mil pessoas nas ruas de São Paulo", disse.
Único parlamentar presente, o deputado estadual Carlos Minc (PT) fez questão de lembrar aos estudantes que a gratuidade nos transportes públicos já é lei no Rio: "Vocês têm que exigir isso, pois as empresas não estão cumprindo a lei".

Em São Paulo
A Força Sindical ocupou na manhã de ontem o andar térreo do prédio do INSS (Instituto Nacional Nacional do Seguro Social), no centro de São Paulo, para pedir uma audiência com o presidente Fernando Henrique Cardoso. A central sindical quer que o salário mínimo para aposentados e pensionistas seja fixado em US$ 100.
De acordo com o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, uma onda de invasões será promovida hoje pela central em todo o país.
Ontem, segundo ele, manifestantes já haviam feito passeatas em Santa Catarina e no Espírito Santo, além de terem ocupado o prédio do INSS em Recife (PE).
Em São Paulo, os manifestantes -cerca de 500- saíram da sede do Sindicato dos Metalúrgicos às 9h, com dois carros de som e uma bateria de escola de samba. Eles ocuparam o INSS às 10h e distribuíram panfletos que reproduziam enormes notas de US$ 100.
Além dos metalúrgicos, participaram da manifestação membros dos sindicatos dos padeiros e dos comerciários. Não houve confronto. Assessores do INSS informaram que o órgão aceitaria uma manifestação pacífica e que nada poderia fazer, pois o assunto em questão (o salário mínimo) foge da alçada de decisões do órgão.
"O Medeiros (Luiz Antônio de Medeiros, deputado do PFL) esteve aqui e está tentando articular a audiência em Brasília", disse Paulinho. "Vamos ficar (no prédio) até que ela saia."
Se não avançarem nas negociações, segundo a Força Sindical, as centrais sindicais tentarão usar uma audiência marcada com FHC para as 15h de quinta para tratar do assunto. O encontro foi agendado para a discussão de projetos de profissionalização dos trabalhadores, mas os sindicalistas querem que FHC receba os aposentados.


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