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PT é o maior problema do governo, diz Delfim
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O deputado Delfim Netto (PPB-SP) acha que o grande problema
do governo Luiz Inácio Lula da
Silva é o próprio PT, principalmente na discussão sobre a possibilidade de se adiar o envio ao
Congresso do projeto de lei de autonomia do Banco Central.
"O resto do Brasil não pode pagar por uma sandice só porque
um quinto do PT não quer a autonomia do BC", afirmou Delfim,
que tem sido um dos maiores interlocutores da equipe econômica
do governo Lula.
Para o deputado, há uma grande incompreensão desse grupo
do PT, do qual ele prefere não citar nomes, sobre a mudança do
artigo 192 da Constituição, que
trata da regulamentação do sistema financeiro. Segundo ele, não
há nenhuma razão que justifique
a manutenção do artigo, principalmente do parágrafo terceiro,
que fixa os juros em 12% ao ano.
O governo Lula elegeu como
uma de suas prioridades a Proposta de Emenda à Constituição
do artigo 192 para abrir espaço ao
projeto de lei de autonomia do
Banco Central, mas encontra dificuldades de apoio no Congresso
para obter os 308 (60%) votos necessários.
Para Delfim Netto, a maior oposição a essa mudança se encontra
no próprio PT.
"O PT está misturando alhos
com bugalhos ao imaginar que o
BC autônomo não irá depender
do Executivo", afirma.
Segundo o deputado, o BC autônomo terá, sim, de prestar contas ao Executivo. Será o governo
que irá fixar metas a serem cumpridas pelo BC. "Se, no final do
exercício, o BC não cumprir a meta determinada pelo governo, a
diretoria terá de se demitir", diz.
Delfim Netto não acredita na
possibilidade de adiamento do
projeto de autonomia do BC. Ele
acha que a bancada do PT irá se
reunir e decidir votar a emenda ao
artigo 192 da Constituição. "O
partido tem seus problemas, mas
vai resolvê-los e votar a favor da
mudança da lei", diz.
A grande mudança pretendida
pelo governo é a de permitir a regulamentação do sistema financeiro de forma fatiada, por leis
complementares, para excluir alguns pontos previstos no artigo
192, como o tabelamento dos juros em 12% ao ano.
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