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PROGRAMA EM XEQUE
Lançado hoje no Estado, programa terá 17 cidades na 1ª fase
Excluídos do RN criticam escolha do Fome Zero
EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA
O ministro da Segurança Alimentar, José Graziano, lança hoje
o programa Fome Zero no Rio
Grande do Norte -o segundo
Estado a ser contemplado- em
meio a críticas do governo e de
prefeitos de municípios que não
estão entre os beneficiados. A primeira fase do programa irá atender a 17 cidades. Ficaram fora da
lista as 11 com os piores níveis de
IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano), que varia de 0 a 1.
A escolha, feita pelo governo federal, foi baseada em dois critérios: os municípios estarem localizados na região semi-árida potiguar e terem constituído o Fórum
Dlis (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável).
Esses fóruns -grupos municipais encarregados de formular
uma agenda com as prioridades
sociais locais- serviram de ferramenta para as ações do Comunidade Ativa, programa social do
governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Na opinião da secretária de Estado da Ação Social, Márcia Maia,
o governo federal deveria ter levado em conta o IDH dos municípios para selecioná-los.
"A relação chegou pronta. Eu
acho que o governo do Estado deveria ter participado da escolha
desses municípios. Pelo menos
ter sido consultado. Essa é uma
crítica que a gente faz", declarou a
secretária, que é filha da governadora Wilma de Faria (PSB).
O prefeito de Venha-Ver, Expedito Salviano (PSB), falou em discriminação e motivação política
para criticar o fato de a cidade
-que tem o pior IDH do Estado,
0,544- ter ficado fora.
"É uma discriminação. Os técnicos de Brasília que estão envolvidos com isso não estão dando a
devida atenção ou estão levando
em consideração as urnas. Aqui,
realmente, não houve uma votação expressiva para o presidente
que está aí no poder", declarou.
No segundo turno, José Serra
(PSDB) venceu Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) com 73,57% dos votos válidos em Venha-Ver.
Pedra Preta -o sexto pior IDH,
0,576- também ficou de fora. Da
mesma forma, o prefeito acha que
houve discriminação.
"Se é pra ajudar quem precisa,
quem não tem nada, Pedra Preta
não poderia ficar de fora, de forma nenhuma. O pessoal [a população] fica achando que houve
discriminação, que tem alguma
coisa irregular. E eu também
acho", declarou o prefeito, José
Mendes da Silva (PMDB).
A Defesa Civil Estadual tinha
homologados até ontem 97 decretos de emergência municipais em
razão da seca. O Estado tem 166
cidades ao todo.
Cadastro único
Em solenidade na Secretaria Estadual da Educação, Graziano
apresentará as diretrizes do Fome
Zero no Estado. Também serão
empossados os 24 integrantes do
Conselho Estadual de Segurança
Alimentar e Nutricional, formado
por representantes da sociedade
civil e de órgãos de governo.
Os beneficiários serão escolhidos com base no Cadastro Único
-uma espécie de mapeamento
dos pobres do país-, outra ferramenta elaborada na era FHC.
Isso apesar de esse levantamento já ter sido criticado por Graziano e outros membros do governo,
que chegaram a dizer que ele foi
usado de forma eleitoreira.
A secretária da Ação Social prevê que os primeiros cartões-alimentação do Fome Zero comecem a beneficiar as famílias com
R$ 50 a partir do final de abril.
A assessoria do Ministério Extraordinário da Segurança Alimentar informou que a escolha
desses 17 municípios, "um ponto
de partida para a expansão",
ocorreu pelo fato de já contarem
com fóruns Dlis, "o que permite
traçar um perfil das suas necessidades". Informou também que
todas as cidades do semi-árido no
Estado com até 50 mil pessoas serão beneficiados pelo programa.
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