DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, informou ontem que doou para o programa Fome Zero o relógio Rolex que ganhou do deputado e empresário José Carlos Martinez (PTB-PR). Dirceu recebeu o presente quando participou de um jantar na casa de Martinez, em Brasília, na quarta passada.
A assessoria do ministro não soube informar o valor do relógio, cuja marca está entre as mais caras do mercado. Um dos modelos mais simples, em Brasília, custa em torno de R$ 15 mil.
Segundo a Casa Civil, a doação foi feita anteontem e comunicada ao ministro José Graziano (Segurança Alimentar) e à Comissão de Ética Pública. Ontem à noite, procuradas pela Folha, a assessoria de Graziano e a comissão não sabiam da doação. Segundo a assessoria do Fome Zero, o relógio deverá ser vendido, e o dinheiro depositado na conta do programa.
A aceitação de presentes por autoridades é expressamente proibida pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal, que todos os ministros do atual governo receberam no dia da posse.
Segundo o código, "é vedada à autoridade pública a aceitação de presentes, salvo de autoridades estrangeiras nos casos protocolares em que houver reciprocidade". Não são considerados presentes só os brindes sem valor comercial ou até o valor de R$ 100.
Questionado por uma jornalista no Senado se usaria o relógio, José Dirceu recusou-se a responder.
O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), afirmou que o presente não fere o código de conduta, por tratar-se de um "presente de amigo".


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