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CASO SILVEIRINHA
Banco nega ter sido notificado sobre bloqueio de contas, e juiz contesta instituição; contas continuam liberadas
BC e Justiça trocam acusação sobre bloqueio
DA SUCURSAL DO RIO
Bloqueadas pela Justiça desde o
dia 15 de janeiro, as contas bancárias dos fiscais do Rio e auditores
federais suspeitos de terem ilegalmente US$ 33,4 milhões na Suíça,
continuam liberadas na prática,
enquanto a Justiça Federal e o BC
(Banco Central) discutem quem
foi responsável pelo erro.
O BC afirma que não foi notificado pela Justiça e por isso não
pôde determinar aos bancos que
bloqueassem as contas. Segundo
a assessoria de imprensa do BC, o
banco só recebeu da Justiça Federal um pedido de informações sobre a movimentação bancária dos
suspeitos entre janeiro de 1998 e
dezembro de 2002.
O juiz da 3ª Vara Federal Criminal do Rio, Lafredo Lisboa, que
decretou o bloqueio, contesta a
afirmação do banco. Por meio de
assessores, Lisboa afirmou ontem
que enviou ao BC, por fax, no dia
16 de janeiro, um cópia da sentença. A Folha teve acesso a uma certidão da 3ª Vara que atesta o envio
de quatro ofícios ao BC, acompanhados da sentença de Lisboa. A
Justiça Federal, porém, não revelou o conteúdo dos ofícios encaminhados ao BC.
Fato notório
Lisboa disse, ainda por meio de
assessores, que não precisaria notificar o BC para que sua decisão
fosse cumprida. Citou o artigo
334 do Código de Processo Civil,
segundo o qual "os fatos de notório conhecimento não dependem
de provas", para argumentar que
os bancos deveriam ter bloqueado automaticamente as contas
dos fiscais, após a divulgação da
sentença pela imprensa.
O imbroglio entre o BC e a Justiça Federal permitiu que o fiscal
Carlos Eduardo Pereira Ramos
sacasse R$ 468 mil de um fundo
de investimento do BankBoston,
em 17 de janeiro, dois dias depois
de anunciada a sentença de Lisboa. O BankBoston informou que
até hoje não recebeu nenhuma
notificação do BC determinando
o bloqueio da conta.
Pereira Ramos seria dono do
maior depósito na Suíça - US$
18 milhões. Entre 8 e 17 de janeiro,
época em que o caso veio a público, ele sacou de um fundo de investimentos R$ 1,3 milhão depositado havia dois anos no banco.
Ordem de bloqueio
O procurador Gino Liccione, do
Ministério Público Federal no
Rio, já pediu à Justiça Federal que
intime o BC e o BankBoston a informarem os nomes e as funções
dos funcionários que "teriam o
dever" de implementar a ordem
de bloqueio de bens e valores dos
fiscais e auditores da Receita investigados.
A Polícia Federal pediu ontem à
Justiça Federal a quebra do sigilo
telefônico dos cinco fiscais estaduais e dos seis auditores federais,
além de dois beneficiários das
contas na Suíça e de dois procuradores da empresa off-shore Trading Invest. A empresa é dona da
Coplac, que seria responsável pelo suposto envio ilegal do dinheiro para a Suíça.
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