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SÃO PAULO
Pré-candidatos elegem segurança pública como tema nš 1 na campanha para chegar ao Palácio dos Bandeirantes
Violência deve ser o principal tema da campanha paulista
LUIZ CAVERSAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A campanha para a escolha do
novo governador de São Paulo está apenas começando, mas o tema
que predominará nas discussões
entre os candidatos e também na
propaganda eleitoral já está definido: será a violência.
Ouvidos pela Folha, os pré-candidatos ao governo do principal
Estado do país mostraram que
suas propostas revelam uma
aproximação à margem das barreiras ideológicas históricas: com
diferentes nuances, propõe-se o
combate "duro" à criminalidade.
Polícia na rua é a palavra de ordem. A matéria prima para discussão é farta, e problemas de
grande apelo emocional, como os
sequestros, servem de munição.
Números sobre o primeiro trimestre deste ano dão conta de que
a banalização do sequestro no Estado é um fato: foram 110 casos de
janeiro a março, número 168%
superior ao registrado no mesmo
período do ano passado.
Dos pré-candidatos que estão
em campanha -Paulo Maluf
(PPB), o atual governador, Geraldo Alckmin (PSDB), Francisco
Rossi (PL), José Genoino (PT) e
Orestes Quércia (PMDB)-, apenas Rossi não é incisivo quanto às
propostas de recrudescimento do
policiamento, afirmando ser
"simplista" a adoção do jargão
"Rota na rua", marca de Maluf.
Maluf revela-se à vontade com
um tema recorrente em todas as
suas campanhas: "O problema da
segurança com certeza viabiliza
minha candidatura. Hoje, o que a
população quer é alguém não autoritário, mas que tenha autoridade no poder; que, quando manda,
as coisas acontecem".
Aproveitando seu próprio mote, o ex-prefeito vai para cima do
principal oponente na atual disputa: "Um governo fraco, frouxo
e covarde como é o do Alckmin
não vai tomar nenhuma atitude
para colocar ordem no Estado".
Ele insiste na idéia de que "preso deve trabalhar" e faz questão,
sempre que tem uma chance, de
reforçar seu jargão: "Vou, sim, colocar a Rota na rua. Bandido não
vai mais atirar contra a polícia".
Por falar em Rota -o batalhão
de elite da PM paulista identificado com maneiras truculentas de
conduzir a repressão ao crime-,
esse tema já deixou o candidato
petista, José Genoino, em situação
delicada. Em entrevista à Folha
em janeiro deste ano, ele afirmou
que a Rota deve não só agir, mas
"atuar com energia e força". Esse
alinhamento com a proposta clássica da direita causou protestos
no PT e foi alvo de muitas críticas.
Hoje, Genoino reformula sua
colocação: "Defendo que haja polícia na rua, ostensiva, comunitária, interativa. Mas eu sou contra a
Rota na rua, em policiamento ostensivo. As forças especiais da polícia -como Rota, Garra e o Choque- devem agir em situações
especiais e limites".
Genoino afirma que é necessário o investimento na inteligência,
na perícia e na investigação. Na
sua avaliação, "a polícia de São
Paulo usa basicamente dois métodos: o informante, que gera promiscuidade, e o pau-de-arara, que
fere os direitos humanos". Paralelamente à questão policial propriamente dita, o deputado petista diz que deve haver uma política
de "prevenção social, para que o
crime não seja meio de vida".
Alvo prioritário das críticas dos
concorrentes, o governador Geraldo Alckmin oferece duas possibilidades para que se conheça sua
posição diante da criminalidade:
o que diz e o que faz no comando
do Executivo paulista.
Assim, ele abre o leque das responsabilidades, afirmando que "a
questão da violência é o grande
desafio do mundo moderno", repete que "essa é uma guerra longa, uma guerra dura", e dimensiona o "desafio" geograficamente:
"Nós temos na região metropolitana de São Paulo 1 milésimo do
território nacional e mais de 10%
da população brasileira".
Em termo de ação, Alckmin
acena com o "endurecimento"
contra o crime por intermédio de
suas mais recentes medidas: nomeou um oficial "linha dura" para comandar a PM ("Os bandidos
têm de respeitar a polícia e saber
que vão encontrar pedreira pela
frente", disse o coronel Alberto
Silveira Rodrigues), anunciou a
criação de mais uma companhia
da Rota na capital, posou para fotos de fuzil na mão em festividade
policial e disse que vai criar uma
penitenciária se segurança máxima só para sequestradores.
Ao mesmo tempo em que critica o que classifica de atitudes
"marqueteiras" do atual governo,
Francisco Rossi lança farpas ao
seu ex-aliado do segundo turno
da eleição de 98, Paulo Maluf. "Eu
acho muito simplório sair dizendo que o negócio é colocar a Rota
na rua. Além de ser uma proposta
simplista, resvala na prepotência
e na violência". Para Rossi, o sistema atual de segurança "faliu", representa "o ponto fraco do governo Alckmin" e, por isso, "vai ser
explorado pelos candidatos".
Quanto a propostas concretas, o
pré-candidato do PL afirma que
constituiu um grupo de trabalho
para poder "falar com responsabilidade sobre o assunto". Aponta
para apenas uma medida efetiva:
"Nós temos que trabalhar na direção da unificação das polícias".
Orestes Quércia afirmou à Folha que é candidato ao governo
do Estado, embora em seu partido, o PMDB, exista a versão de
que o que ele quer mesmo é disputar uma vaga ao senado. Seja
como for, Quércia afirma que sua
prioridade é segurança: "Eu divido a questão em três aspectos. Primeiro a necessidade de se tirar as
crianças abandonadas das ruas,
uma vez que mais da metade dos
crimes no Estado são cometidos
por menores; vamos recriar a Secretaria do Menor e agir com uma
rigidez enorme nessa área. Segundo, é polícia na rua, policiamento
preventivo, patrulhamento padrão, revivendo o antigo conceito
do guarda de quarteirão, o mesmo guarda no mesmo local. Por
fim, o planejamento e o comando
da Polícia Militar e da Polícia Civil, que não existe hoje".
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