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ELEIÇÕES 2004
Procedimento inédito pode até aumentar as vagas nas Câmaras
Senado usa projeto de 92 para barrar redução de vereadores
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em manobra para tentar neutralizar a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que reduziu 8.500 vagas de vereadores no
país, o Senado desengavetou uma
PEC aprovada em primeiro turno
no plenário há 12 anos -e desde
então esquecida- que poderá até
elevar o número de vereadores
em relação ao quadro atual.
O procedimento dos senadores
foi inédito. O relator, Jefferson Péres (PDT-AM), deu seu parecer a
pedido de senadores, sobretudo
do PFL, após o TSE alterar as regras e cortar o número de vereadores. Como a PEC (Proposta de
Emenda Constitucional) já havia
sido aprovada em primeiro turno,
não era mais possível fazer nenhuma mudança de mérito nela.
Resultado: 12 anos depois de ser
votada em primeiro turno no plenário e remetida à Comissão de
Constituição e Justiça por uma
questão de ordem, o Senado retomou seu exame. Foi aprovada pela comissão e irá agora a plenário.
Se for aprovada, o que significará passar pelo segundo turno, ela
irá à promulgação, porque já passou na Câmara, também em 92.
A proposta "descongelada"
-segundo expressão do relator- delega aos tribunais regionais eleitorais a tarefa de fixar o
número de vereadores, em números ímpares e proporcional à população. A PEC traz uma tabela
com os números mínimo e máximo de vereadores por município
segundo faixas populacionais.
De acordo com Tião Viana (PT-AC) -o único a votar contra-,
projeção da consultoria legislativa
do Senado mostra que a PEC poderá aumentar em cerca de 3.400
o número de vereadores no país.
Isso, em relação à situação atual e
não à criada pela resolução do
TSE. Disse ainda que há avaliação
de outros técnicos segundo a qual
o aumento poderá chegar a 7.000.
Briga
O debate da proposta provocou
uma discussão entre o presidente
do PFL, Jorge Bornhausen (SC), e
Viana. "Cale a boca", chegou a dizer Tião. "Me respeite", respondeu Bornhausen, um dos principais patrocinadores da manobra
que ressuscitou a PEC no Senado.
O confronto começou porque
Tião disse que a aprovação era
"irresponsável", já que a PEC geraria um "trem da alegria" por
causa dos servidores a serem contratados. "Essa é uma decisão no
escuro. Não sei como o Senado
pode votar uma proposta dessa,
quando o TSE adotou uma norma
moralizadora, baseada em critérios constitucionais", afirmou.
Bornhausen defendeu a aprovação, se dizendo preocupado com
o risco de a PEC que está em discussão na Câmara -que fixa um
corte menor no número de vereadores do que a resolução do
TSE- não ser aprovada a tempo
de vigorar nas próximas eleições.
A questão sobre a redução ou
não do número de vereadores no
Brasil começou após uma resolução do TSE, que estendeu a todo o
país decisão do STF (Supremo
Tribunal Federal) que fixou uma
escala com base em interpretação
do artigo da Constituição que trata do tamanho das Câmaras.
Pela decisão, haveria nas próximas eleições 8.528 vereadores a
menos do que o número atual,
60.276, uma redução de 14,1%.
As PECs da Câmara e do Senado
são independentes. O TSE já informou que acolhe a proposta
que for aprovada no Congresso.
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