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NEO-OPOSIÇÃO
Governadores tucanos apresentaram à bancada federal do partido sua estratégia para "retomar o poder"
Reformas mascaram inoperância, diz PSDB
RAYMUNDO COSTA
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os governadores do PSDB apresentaram ontem à bancada federal do partido sua estratégia para
tentar "retomar o poder", segundo as palavras de Aécio Neves
(MG): ajudar o governo a aprovar
rapidamente as reformas tributária e previdenciária para explicitar o que chamam de "inoperância" do Planalto.
O governador de Minas assinou
o discurso mais inflamado da reunião, convocada para que cada
um explicasse sua posição sobre
as reformas à bancada do PSDB
na Câmara: "A agenda das reformas mascara a inoperância do governo. Vamos superar essas reformas para avançar na retomada do
poder", disse. Votadas as reformas, acredita Aécio, o PSDB poderia cobrar "promessas de campanha que jamais serão cumpridas", como a de criar 10 milhões
de novos empregos no país.
"Nosso papel é de oposição", fez
coro o governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin. "Temos que
mostrar que governo tucano é governo que melhora a vida do
país". Para o governador de
Goiás, Marconi Perillo, "a questão
do conflito ideológico deu lugar à
questão da gerência administrativa", uma diferença entre PSDB e
PT que precisaria ser bem delineada já a partir de 2004.
Sete dos oito governadores do
PSDB foram ontem à reunião, em
Brasília. Só Cássio Cunha Lima
(PB), em viagem a Paris, não foi.
O apoio ao projeto de reforma
da Previdência é quase integral,
mas os tucanos querem fazer mudanças na tributária, especialmente quanto à participação dos
Estados no bolo de receitas.
"Não é possível continuarmos
tendo essa concentração de poder
tributário na União. Isso não é
bom nem para a União", disse o
governador Aécio Neves.
A defesa da proposta previdenciária foi enfática. Alckmin contou que desde 1953 o Estado de
São Paulo cobra dos inativos. "Há
50 anos e sem nenhuma gritaria."
Perillo deu um exemplo: a reforma da Previdência permitirá a
Goiás uma economia de R$ 81 milhões anuais. Aécio disse que
apoiou quatro vezes a cobrança
dos inativos e nem por isso teve
problemas eleitorais.
Sobre a tributária, os tucanos só
concordaram com a urgência. Para Alckmin, a proposta deve ser
logo votada "até por causa do
princípio da anualidade", pelo
qual impostos devem ser criados
ou aumentados no ano anterior
ao de sua cobrança. Mas resumiu
em uma frase suas desconfianças
quanto ao projeto: "O discurso do
governo é muito bonito, mas essa
reforma só mexe em imposto para subir e nunca para cair".
Para o governador, o principal
perdedor da unificação da legislação do ICMS será "o sonegador,
porque acaba a dança das notas
fiscais".
Aécio, que na sequência da reunião teria um encontro com Lula,
disse que o PT fez "um discurso
demagógico" quando o PSDB
tentou prorrogar a alíquota de
0,38% da CPMF até 2004. Agora,
tentará manter a arrecadação no
próximo ano, quando a alíquota
teria de ser reduzida para 0,08%.
Com o apoio dos demais, defendeu que Estados e municípios tenham uma fatia do bolo.
A Lei Kandir foi outro consenso. O governo incluiu a constitucionalização da lei em seu projeto,
o que o governador do Pará, Simão Jatene, classificou de "absurdo inaceitável". Em cinco anos de
vigência da lei, o Pará teve perdas
de R$ 2,2 bilhões e foi compensado com R$ 1,7 bilhão.
Os deputados do PSDB pretendem aproveitar as sugestões dos
governadores para "dar uma cara
tucana às reformas", especialmente à tributária. "O campo das
reformas é nosso", afirmou o deputado federal Alberto Goldman
(PSDB-SP), fazendo coro aos governadores.
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