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QUESTÃO AGRÁRIA
Discurso foi no lançamento do Plano Safra; sem-terra pedem avanço na reforma agrária e desburocratização
Cobrado, Lula diz que MST deve reivindicar
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Líderes sem terra cobraram ontem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avanço mais rápido na
reforma agrária e desburocratização na liberação de créditos rurais. A exigência foi feita no Palácio do Planalto, no lançamento
oficial do Plano Safra 2004-2005.
Após ouvir a reclamação, Lula
pediu que eles não tenham "medo
de reivindicar", "cobrar", "exigir"
e "extravasar" diante do governo.
"Eu quero dizer aos companheiros trabalhadores que estão
aqui que não tenham medo de
reivindicar. Não tenham medo.
Nós, primeiro, achamos que o papel do movimento é reivindicar.
Vocês reivindicam tudo aquilo
que vocês acham que é importante reivindicar", disse Lula a aproximadamente 500 integrantes de
movimentos sociais.
O presidente enalteceu sua
"lealdade" aos movimentos. "Às
vezes, vocês reivindicam coisas
que é impossível o governo cumprir. E, com a mesma lealdade que
nós temos nos tratado nesses últimos 30 anos, eu vou dizer para
vocês: eu posso, eu não posso."
"O que eu não quero, nunca, é
criar as condições para que vocês
não possam mais reivindicar. Ou
seja, eu prefiro vocês reunidos
com os ministérios (...), cobrando
e exigindo, a vocês não terem, como no passado, um lugar para
poder extravasar as reclamações."
Na cerimônia do lançamento do
Plano Safra, discursaram os representantes da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra).
O presidente anotou os pedidos
em um pedaço de papel e disse
que, mesmo diante de "divergências", terá nos líderes sem-terra
"grandes companheiros para fazer as mudanças".
Entre os sem-terra, o primeiro a
falar foi o presidente da Contag,
Manoel José dos Santos. "Gostaria de advertir o presidente sobre
a necessidade de avançarmos no
seguro agrícola e na compra antecipada [da produção]. Há muitos
recursos contingenciados."
"Nos alegra muito o volume de
recursos para o Plano Safra. Mas é
preciso dizer que temos ainda
muitos problemas na reforma
agrária e nos repasses de créditos", disse João Paulo Rodrigues,
da coordenação nacional do MST.
Ele disse se "preocupar" com uma
possível liberação do plantio e da
comercialização de transgênicos.
Lula reafirmou a promessa de
investir R$ 7 bilhões em créditos
rurais a agricultores familiares e
assentados entre julho de 2004 e
junho de 2005. O valor é 30% superior aos R$ 5,4 bilhões investidos no plano anterior.
Criticou o tratamento dos bancos aos agricultores em outras
gestões. "Vocês [presidentes de
bancos estatais presentes] vão
contar para essa gente, aqui, como é que vocês encontraram esses bancos, para quem esse banco
emprestava dinheiro, qual a dificuldade que as pessoas tinham
para ter acesso aos recursos."
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