São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2004

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Aliados terão cartilha para a defesa de Lula na campanha

Alan Marques/Folha Imagem
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro José Dirceu (Casa Civil) durante lançamento de plano no Palácio do Planalto


Documento, que terá como base texto discutido com ministros, diz que Brasil hoje é "outro país"

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiu em reunião ontem com seus principais ministros (da "coordenação de governo") o balanço de um ano e meio de administração que será usado em sua defesa nas eleições municipais. Terá ataques ao antecessor, Fernando Henrique Cardoso, e comparações estatísticas com períodos do governo tucano que favoreçam a gestão petista.
A Folha apurou que, por ora, Lula descarta realizar um pronunciamento em cadeia de rádio e de TV. Acha que poderia pegar mal pela proximidade das eleições municipais de 3 de outubro. Também não vê sentido em balanços freqüentes, como os de seis meses e de um ano de gestão.
A idéia é produzir um tipo de cartilha, baseada no documento discutido ontem por Lula e pelos ministros, para dar munição ao PT e aliados numa eleição em que o governo federal será alvo.
O documento que dará origem ao balanço foi apresentado parcialmente -apenas os gráficos e as tabelas- pelo ministro Guido Mantega (Planejamento) na mais recente reunião ministerial, realizada no dia 4 deste mês.
A Folha obteve cópia da íntegra do texto discutido ontem. Intitulado "Governo Lula, Avanços Sociais e Econômicos da Ação Governamental", tem 54 páginas. Distribuído para todos os ministros, esse documento será atualizado até o fim deste mês, marco de um ano e meio de gestão.
Exemplo: o material diz que, se não fosse um "esqueleto" de R$ 12 bilhões do governo FHC (condenação judicial que obriga o governo a corrigir aposentadorias concedidas no início do Plano Real), o salário mínimo neste ano poderia ter sido reajustado de R$ 240 para R$ 281. Sob enorme desgaste, Lula bancou R$ 260.
O documento divide-se em oito capítulos: 1) Ambiente Macroeconômico, 2) Prioridades nas Políticas Sociais, 3) Reformas Institucionais, 4) Agenda de Desenvolvimento Econômico, 5) Avanços em Meio Ambiente, Cultura e Segurança, 6) Política Externa, 7) Recapacitação do Estado e 8) Atuação junto ao Legislativo.
No capítulo 1, o documento diz que, no segundo semestre de 2002, durante a campanha presidencial vencida pelo PT, "a economia brasileira era dada, pouco antes da eleição de Lula, como a próxima candidata a uma moratória, como já haviam vivenciado outros países emergentes".
Segundo o documento, com a eleição de Lula, "a incerteza começou a diminuir". "Hoje, em maio de 2004, o Brasil parece um outro país", diz. Cita a "inflação sob controle", "dívida pública sustentável" e "retomada do crescimento da indústria".
Ao falar de "avanços na área social", apesar da "austeridade fiscal decorrente da dívida herdada", diz que Lula aumentou as ações sociais na comparação com os dois primeiros anos dos dois mandatos de FHC, que governou de 1995 a 1998 e de 1999 a 2002.
Seguindo a linha de fazer comparações com períodos da gestão FHC, o texto dirá que, "depois de muitos anos, o Brasil possui novamente uma política industrial consistente, uma política de comércio exterior corajosa, uma política ambiental e, sobretudo, uma política social responsável".


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