São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SERMÃO DA MONTANHA

Do alto de morro, ele contrasta êxito de cooperativa com encalhe em fábrica

Petista critica pátio lotado da Volks

DA REPORTAGEM LOCAL

Luiz Inácio Lula da Silva enfrentou ontem pela manhã o frio e a garoa fina de São Bernardo do Campo, desrespeitando acordo tácito com sua mulher, Marisa, de dedicar à família os domingos, para propagandear as virtudes do cooperativismo.
Durante cerca de duas horas, Lula foi protagonista de uma agenda pensada milimetricamente por sua assessoria para associá-lo ao emprego.
Começou na Fundação Padre Léo, entidade que funciona com auxílio da Igreja e da comunidade do Jardim Silvina, periferia de São Bernardo. Cerca de 500 jovens carentes frequentam 25 cursos, de padaria a informática. Ciceroneado por freiras, Lula conheceu as instalações e parabenizou os coordenadores por "formarem cidadãos".
Em seguida, Lula foi levado ao alto de um morro, onde há uma favela, para conversar com desempregados.
Na hora de dar entrevista, posicionou-se estrategicamente no topo de uma encosta, de onde era possível enxergar o pátio lotado de veículos de uma fábrica da Volkswagen, que tem tido dificuldade em desovar estoques devido à queda na demanda.
"A idéia de nos fazermos a visita [à Fundação" e depois fazer o contraste com essa quantidade enorme de carros no pátio é o que nos levou a dizer que vamos colocar como obsessão resolver o problema do trabalho no Brasil", disse Lula aos repórteres, apontando para o pátio lotado.
Ao andar pela favela, o petista foi abordado por inúmeras pessoas procurando emprego. "Vamos mudar essa situação, se Deus quiser", dizia a elas.
Por fim, visitou o barraco do desempregado Francisco de Assis Silva, 25. Segurando o filho pequeno, Silva conversou com Lula e relatou sua dificuldade em conseguir trabalho.
No final da conversa, surpreendeu o presidenciável ao começar a chorar. Lula pediu a ele que "não perca a esperança. Sugeriu que procurasse a cooperativa que acabara de visitar.
Sensibilizado, o candidato a deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, ofereceu a Silva um emprego em seu escritório. Gesto que levou a assessoria de Lula, receosa de ser acusada de exploração política, a prontamente esclarecer que aquela era uma iniciativa individual de Vicentinho, sem a chancela da campanha presidencial.


Texto Anterior: PT decide associar Ciro a Collor
Próximo Texto: Rosinha reclama durante carreata no Rio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.