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SERMÃO DA MONTANHA
Do alto de morro, ele contrasta êxito de cooperativa com encalhe em fábrica
Petista critica pátio lotado da Volks
DA REPORTAGEM LOCAL
Luiz Inácio Lula da Silva enfrentou ontem pela manhã o
frio e a garoa fina de São Bernardo do Campo, desrespeitando
acordo tácito com sua mulher,
Marisa, de dedicar à família os
domingos, para propagandear
as virtudes do cooperativismo.
Durante cerca de duas horas,
Lula foi protagonista de uma
agenda pensada milimetricamente por sua assessoria para
associá-lo ao emprego.
Começou na Fundação Padre
Léo, entidade que funciona com
auxílio da Igreja e da comunidade do Jardim Silvina, periferia
de São Bernardo. Cerca de 500
jovens carentes frequentam 25
cursos, de padaria a informática. Ciceroneado por freiras, Lula conheceu as instalações e parabenizou os coordenadores
por "formarem cidadãos".
Em seguida, Lula foi levado ao
alto de um morro, onde há uma
favela, para conversar com desempregados.
Na hora de dar entrevista, posicionou-se estrategicamente no
topo de uma encosta, de onde
era possível enxergar o pátio lotado de veículos de uma fábrica
da Volkswagen, que tem tido dificuldade em desovar estoques
devido à queda na demanda.
"A idéia de nos fazermos a visita [à Fundação" e depois fazer
o contraste com essa quantidade enorme de carros no pátio é o
que nos levou a dizer que vamos
colocar como obsessão resolver
o problema do trabalho no Brasil", disse Lula aos repórteres,
apontando para o pátio lotado.
Ao andar pela favela, o petista
foi abordado por inúmeras pessoas procurando emprego. "Vamos mudar essa situação, se
Deus quiser", dizia a elas.
Por fim, visitou o barraco do
desempregado Francisco de Assis Silva, 25. Segurando o filho
pequeno, Silva conversou com
Lula e relatou sua dificuldade
em conseguir trabalho.
No final da conversa, surpreendeu o presidenciável ao
começar a chorar. Lula pediu a
ele que "não perca a esperança.
Sugeriu que procurasse a cooperativa que acabara de visitar.
Sensibilizado, o candidato a
deputado federal Vicente Paulo
da Silva, o Vicentinho, ofereceu
a Silva um emprego em seu escritório. Gesto que levou a assessoria de Lula, receosa de ser
acusada de exploração política,
a prontamente esclarecer que
aquela era uma iniciativa individual de Vicentinho, sem a chancela da campanha presidencial.
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