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GOVERNO
Após almoçar com tucano, presidente elogia seu "conhecimento internacional" e compara eleição atual com a de 98
FHC se assume como cabo eleitoral de Serra
HUMBERTO MEDINA
FERNANDA NARDELLI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Fernando Henrique Cardoso
deu ontem nova demonstração
de que participará ativamente da
candidatura à Presidência de José
Serra (PSDB). Cumpriu um roteiro preparado pela campanha para
atribuir ao tucano características
que parte do eleitorado enxerga
no principal oponente do momento, Ciro Gomes (PPS).
Após almoço no Palácio da Alvorada, o casal FHC e Ruth Cardoso posou ao lado da chapa Serra-Rita Camata, na primeira aparição pública de FHC ao lado de
Serra desde o início oficial da
campanha, em 6 de julho. Ele elogiou Serra. Ruth enalteceu Rita
(PMDB-ES). Os candidatos não
falaram, obedecendo roteiro para
aferir ao máximo o efeito das presenças de FHC e Ruth.
Ao explicar por que o ministro
Pedro Malan (Fazenda), com
quem se reuniu ontem, votaria
em Serra, FHC disse que o tucano
é "homem confiável, experiente,
tem capacidade administrativa
demonstrada e tem conhecimento da situação internacional".
Essas características também
são atribuídas a Ciro pelo eleitorado, segundo pesquisas do PSDB.
A intenção do PSDB é "desconstruir" Ciro. Ao compará-lo a Collor, tenta criar dúvida sobre a confiabilidade dele. Sobre capacidade
administrativa e conhecimento
internacional, os tucanos buscam
mostrar maior bagagem de Serra.
Em seguida, o presidente disse
que "estamos vivendo um momento delicado no mundo todo,
com reflexos no Brasil". Nesse
momento, segundo FHC, "precisamos de um presidente que tenha capacidade de levar adiante o
país". Após os elogios, FHC disse:
"Vamos ganhar, e a Rita vai ajudar bastante aqui nessa briga".
A Folha apurou que, durante o
almoço, FHC recomendou calma
a Serra, dizendo que há tempo suficiente para virar o jogo.
Tasso e Ruth
Indagado sobre a "rebeldia" do
ex-governador Tasso Jereissati,
tucano que tem ajudado Ciro em
articulações políticas e empresariais, FHC não respondeu. Mas
Ruth disse: "Ah, dá uma folga".
A respeito da posição desfavorável de Serra nas pesquisas, FHC
disse: "É como o câmbio, sobe e
desce". Para ele, a situação irá
mudar quando começar o horário
eleitoral gratuito, em 20 de agosto.
Na TV, segundo FHC, é que se
vai ver "quem é confiável, quem
realmente diz coisa com coisa,
quem blefa, quem promete o que
não vai cumprir". Para ele, "Serra
é o oposto disso" e é "pessoa firme, vai fazer o que disse que vai
fazer porque sabe das limitações
e, portanto, também sabe que é
possível mudar para melhor".
Acordo com o FMI
FHC disse que um acordo com
o FMI (Fundo Monetário Internacional) "parece ser" a condição
para que a taxa de juros não dispare e a "população tenha um horizonte de tranquilidade". Segundo ele, o Brasil tem o apoio do
FMI e dos presidentes de bancos
centrais do G-7 (grupo dos países
mais ricos do mundo). "Vou assumir minha responsabilidade.
Depois, cada um assuma a sua."
Ele lembrou que, na campanha
de 1998, em meio a crise financeira, o governo apertou o cinto e fez
acordo com o Fundo. "Alguns
reagiram e outros não, mas o Brasil superou aquela dificuldade.
Então agora é a mesma coisa."
FHC não deu data para o acordo, alegando evitar especulações,
e disse que a fragilidade hoje é "de
toda a economia mundial".
Gás
FHC voltou a dizer que o preço
do gás de cozinha não será mais
afetado diretamente pelo dólar.
Serra critica a Petrobras, que aumentou o preço do produto. "Eu
acho que não há razão para fazer
transferências automáticas da variação de câmbio para o preço do
gás de cozinha", disse FHC.
No começo da noite, Serra e Rita
voltaram para nova reunião com
FHC, agora com participação de
políticos aliados. O deputado Pimenta da Veiga (PSDB-MG),
coordenador político da campanha de Serra, disse que foi feita
uma avaliação positiva da campanha e se definiram estratégias.
Uma estratégia, disse, é o combate a "excessos" cometidos por
outros candidatos. Pimenta disse
que algumas propostas de Lula e
Ciro são "até desejáveis, mas que
não podem ser cumpridas". "São
candidatos que não têm compromisso com a verdade."
Colaboraram KENNEDY ALENCAR e
RAYMUNDO COSTA, da Sucursal de
Brasília
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