São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 2002

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Para ajudar tucano, FHC fará autocrítrica na TV

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Obedecendo à estratégia que aproxima cada vez mais o governo da campanha de José Serra (PSDB), o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso fará autocríticas de sua gestão no horário eleitoral gratuito, que começará em 20 de agosto.
Essa fórmula de participação presidencial na TV deverá coroar uma série de eventos que tiveram início nas duas últimas semanas para ajudar o candidato. Mais do que ligar Serra a FHC, é o governo que se liga à campanha.
Primeiro foi a queda dos juros, um pedido de Serra. Depois, a intervenção para baixar o preço do gás de cozinha, outro pedido. Na última sexta, por incentivo de FHC, Serra almoçou com o ministro Pedro Malan (Fazenda), seu antigo desafeto. Ontem, FHC cumpriu roteiro feito pela campanha de Serra para tentar ferir indiretamente o principal adversário da hora, Ciro Gomes (PPS). Atribui a Serra características que o eleitorado vê em Ciro.
As autocríticas de FHC na TV tentarão tirar o caráter de ambiguidade da candidatura Serra perante os cerca de 30% da população que aprovam o governo. Segundo pesquisas do PSDB, Ciro tem votos do eleitorado simpático ao governo, fatia que, potencialmente, deveria preferir Serra.
Reparos de FHC ao governo pretendem avalizar as críticas de Serra, tirando delas uma marca de deslealdade, como entende parte da fatia do eleitorado que aprova FHC e que estaria confusa.
Ao mesmo tempo, essa estratégia permitirá ao marqueteiro de Serra, Nizan Guanaes, manter o discurso da mudança. Para Nizan, se perder o mote da mudança, o tucano naufragará. FHC ontem falou que Serra é o mais capaz para fazer a mudança.
Sugestão de fala na TV levada por aliados a FHC e a Nizan, segundo a Folha apurou, é a seguinte: o presidente diria que avançou o que pôde em oito anos, que algumas coisas não puderam ser feitas pois seriam irreais e difíceis e que também ocorreram erros.
FHC, então, poderá dizer que um erro foi deixar o preço do gás de cozinha subir tanto (472% desde julho de 1994, segundo o IBGE), mas que Serra o alertou, e ele determinou uma intervenção no mercado. Até o horário eleitoral, o preço do gás deverá cair.
FHC reforçou a ajuda a Serra por avaliar que ele terá de chegar ao horário eleitoral com 17% ou 18% nas pesquisas para manter a expectativa de virada e segurar os aliados. Hoje, pesquisas mostram Serra com menos de 14% e Ciro em empate técnico com Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Por isso, FHC tentará dar boas notícias econômicas, irá a atos de campanha e reforçará as articulações políticas nos Estados.
Há ainda preocupação do presidente em controlar membros do entorno de Serra que buscam um fato em relação a Ciro similar ao que abateu a pré-candidatura presidencial da pefelista Roseana Sarney em março. Na época, o PFL acusou FHC de usar o aparelho do Estado em benefício de Serra e rompeu com o governo.



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