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Para ajudar tucano, FHC
fará autocrítrica na TV
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Obedecendo à estratégia que
aproxima cada vez mais o governo da campanha de José Serra
(PSDB), o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso fará autocríticas de sua gestão no horário
eleitoral gratuito, que começará
em 20 de agosto.
Essa fórmula de participação
presidencial na TV deverá coroar
uma série de eventos que tiveram
início nas duas últimas semanas
para ajudar o candidato. Mais do
que ligar Serra a FHC, é o governo
que se liga à campanha.
Primeiro foi a queda dos juros,
um pedido de Serra. Depois, a intervenção para baixar o preço do
gás de cozinha, outro pedido. Na
última sexta, por incentivo de
FHC, Serra almoçou com o ministro Pedro Malan (Fazenda), seu
antigo desafeto. Ontem, FHC
cumpriu roteiro feito pela campanha de Serra para tentar ferir indiretamente o principal adversário
da hora, Ciro Gomes (PPS). Atribui a Serra características que o
eleitorado vê em Ciro.
As autocríticas de FHC na TV
tentarão tirar o caráter de ambiguidade da candidatura Serra perante os cerca de 30% da população que aprovam o governo. Segundo pesquisas do PSDB, Ciro
tem votos do eleitorado simpático
ao governo, fatia que, potencialmente, deveria preferir Serra.
Reparos de FHC ao governo
pretendem avalizar as críticas de
Serra, tirando delas uma marca de
deslealdade, como entende parte
da fatia do eleitorado que aprova
FHC e que estaria confusa.
Ao mesmo tempo, essa estratégia permitirá ao marqueteiro de
Serra, Nizan Guanaes, manter o
discurso da mudança. Para Nizan,
se perder o mote da mudança, o
tucano naufragará. FHC ontem
falou que Serra é o mais capaz para fazer a mudança.
Sugestão de fala na TV levada
por aliados a FHC e a Nizan, segundo a Folha apurou, é a seguinte: o presidente diria que avançou
o que pôde em oito anos, que algumas coisas não puderam ser
feitas pois seriam irreais e difíceis
e que também ocorreram erros.
FHC, então, poderá dizer que
um erro foi deixar o preço do gás
de cozinha subir tanto (472% desde julho de 1994, segundo o IBGE), mas que Serra o alertou, e ele
determinou uma intervenção no
mercado. Até o horário eleitoral,
o preço do gás deverá cair.
FHC reforçou a ajuda a Serra
por avaliar que ele terá de chegar
ao horário eleitoral com 17% ou
18% nas pesquisas para manter a
expectativa de virada e segurar os
aliados. Hoje, pesquisas mostram
Serra com menos de 14% e Ciro
em empate técnico com Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Por isso, FHC tentará dar boas
notícias econômicas, irá a atos de
campanha e reforçará as articulações políticas nos Estados.
Há ainda preocupação do presidente em controlar membros do
entorno de Serra que buscam um
fato em relação a Ciro similar ao
que abateu a pré-candidatura
presidencial da pefelista Roseana
Sarney em março. Na época, o
PFL acusou FHC de usar o aparelho do Estado em benefício de
Serra e rompeu com o governo.
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