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REFORMA SOB PRESSÃO
Presidentes de TJs se encontram com Corrêa, e associação de promotores já propõe cancelar a greve
Juízes admitem ir contra opinião pública
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em nome dos presidentes dos
tribunais de Justiça de todos os
Estados, o desembargador aposentado José Fernandes Filho disse ontem que os juízes vão defender até a "medula" os direitos dos
quais não aceitam abrir mão por
causa da reforma da Previdência.
"É um risco que corremos, sermos incompreendidos, mas as
prerrogativas da magistratura serão defendidas até a medula, com
ou sem a compreensão da opinião
pública", afirmou Fernandes Filho. E continuou: "Nenhum de
nós deseja paralisação. O problema é que nos encurralaram, nos
esbofetearam e nos agrediram".
Os presidentes dos tribunais
passaram o dia reunidos em Brasília e anunciaram, por meio de
uma nota, o apoio institucional às
reivindicações dos juízes por mudanças na reforma da Previdência, que consideram "legítimas",
sem defender diretamente a greve
dos juízes.
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Maurício Corrêa, os recebeu e disse
que já estava negociando alterações na emenda constitucional.
Hoje Corrêa conversará com o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o relator da reforma, deputado José Pimentel (PT-CE),
em diferentes audiências.
Depois do encontro com os desembargadores, o ministro sugeriu que o recuo do governo em relação ao valor do subteto salarial
dos Estados será suficiente para a
suspensão da greve. O relator propôs que os salários dos servidores
estaduais, inclusive de juízes de
direito e desembargadores, fossem limitados a 75% da remuneração de ministro do STF. Os juízes exigem 90,25%.
A AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) já convocou
para amanhã nova reunião do
Conselho Geral de Representantes, composto por 56 entidades de
classe. No último dia 21, eles aprovaram a greve, marcada para
ocorrer de 5 a 12 de agosto. Amanhã, poderão rever a decisão.
A Conamp (Associação Nacional dos Membros do Ministério
Público), que acompanhou a
AMB, já orienta as entidades estaduais de promotores a não referendar a realização da greve.
Desrespeito
Fernandes Filho recusou-se ontem a comentar os argumentos
dos governadores de que, com
um subteto menor, haverá menos
gastos públicos com pessoal.
"O que nos comove profundamente é o desrespeito às prerrogativas da magistratura, como a
irredutibilidade dos salários. De
uma hora para outra, expõem a
magistratura à execração pública,
em nome de caixa, de ajuste fiscal", protestou.
Diferentemente do presidente
do STF, os presidentes dos TJs
não conclamaram os magistrados
a suspender a greve nem disseram
que o movimento é ilegal.
Além do valor maior para o subteto, os juízes também reivindicam garantia de paridade de reajuste entre ativos e inativos e aposentadoria integral inclusive para
os futuros magistrados.
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