São Paulo, quarta, 29 de julho de 1998

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Governo tenta vender hoje 12 empresas da Telebrás


Maiores companhias de telefonia do mundo participam do leilão no Rio



Governo espera arrecadar pelo menos R$ 16 bilhões com a venda



Leilão está ameaçado por guerra de liminares contrárias à privatização



MST invade sede do BNDES e 10 mil manifestantes são esperados hoje


ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio


Nove das 20 maiores empresas de telefonia do mundo estarão hoje na Bolsa de Valores do Rio para o leilão de privatização da Telebrás, com preço mínimo fixado em R$ 13,47 bilhões. O leilão das 12 empresas que compõem a Telebrás está previsto para começar às 10h e deve ter duração mínima de cinco horas e meia.
A venda do Sistema Telebrás está ameaçada por uma guerra judicial. Durante todo o dia de ontem varas da Justiça Federal em todo o país receberam dezenas de pedidos de liminares contra o leilão. A maioria não foi acatada, mas, até o fechamento desta edição, três decisões judiciais continuavam barrando a realização da maior privatização do mundo.
A pressão dos opositores ao leilão levou a Bolsa de Valores do Rio a pedir a presença de 3.000 policiais do lado de fora para garantir a segurança. Cerca de 10 mil manifestantes devem protestar contra o leilão. Ontem, na véspera da venda, um grupo de 150 militantes do MST invadiu o saguão principal da sede do BNDES, no centro do Rio, para protestar contra a privatização da estatal. Antes de deixar o edifício, os sem-terra fizeram pichações com os dizeres "a Telebrás é nossa. Privatiza a mãe, FHC". Em Santa Catarina, a Polícia Federal encontrou ontem resíduos de explosivos em duas estações da Embratel sabotadas anteontem por opositores ao leilão. O atentado interrompeu parte das comunicações no Sul.
No leilão, o governo federal estará transferindo o controle acionário das 12 empresas do Sistema Telebrás para empresas privadas, sem limite de participação para o capital estrangeiro. O governo espera arrecadar pelo menos R$ 16 bilhões com o leilão. Para se ter uma idéia, o Programa Nacional de Privatização totalizou R$ 17,9 bilhões nos últimos sete anos, com a venda de 43 estatais, incluindo a Vale do Rio Doce.
O Brasil é o mercado mais cobiçado da América Latina na área de telecomunicações. O maior atrativo da Telebrás não está nos seus 22 milhões de assinantes, nem no patrimônio líquido de R$ 31,3 bilhões que acumula. O que a torna atraente para os investidores estrangeiros é a escassez de telefones no Brasil e o gigantesco potencial de mercado. Existem 13,3 milhões de pessoas inscritas para a compra de telefone comum em todo o país. Ou seja, a fila de espera para a compra de telefone fixo é duas vezes maior do que o total de linhas existentes na Suécia, país que possui a maior concentração de telefones (70% dos habitantes têm linhas telefônicas).
No leilão de hoje, estão sendo postas à venda oito empresas de telefonia celular, três de telefonia local fixa (Telesp, Tele Norte Leste e Tele Centro Sul) e a Embratel, responsável por comunicação de longa distância no país. De acordo com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), 34 grupos -em consórcios ou isolados- vão disputar as 12 empresas.




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