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PRIVATIZAÇÃO
Paranapanema é vendida por R$ 1,2 bi para a Duke Energy
Grupo dos EUA paga ágio
de 90% e leva energética
CLÁUDIA TREVISAN
PATRÍCIA ANDRADE
da Reportagem Local
A empresa norte-americana
Duke Energy comprou ontem o
controle acionário da Companhia
de Geração de Energia Elétrica
Paranapanema por R$ 1,239 bilhão, valor que supera em 90,21%
o preço mínimo fixado pelo governo de São Paulo.
O ágio obtido na privatização da
estatal foi considerado "extraordinário" pelo governador Mário
Covas (PSDB).
Das quatro empresas que haviam depositado garantias anteontem para participar do leilão,
apenas duas apresentaram propostas: a Duke e a belga Tractebel.
O envelope com o lance da
Tractebel foi o primeiro a ser
aberto pelo leiloeiro da Bovespa
(Bolsa de Valores de São Paulo).
Com ágio de apenas 1,84%, a proposta deixou apreensivo o governador Covas.
Depois da desistência de dois
concorrentes, o baixo valor do
lance ameaçava o sucesso do leilão. "Eu não posso assegurar em
que lugar eu senti frio. Mas que
senti frio, senti", disse o governador, quando questionado se havia
sentido um "frio na barriga" na
leitura do primeiro lance.
A apreensão foi dissipada em
seguida, quando o leiloeiro anunciou a proposta da Duke, que superou em 87% a da Tractebel.
A Folha apurou que uma das
razões que levou o grupo brasileiro VBC a desistir do leilão foi a ausência de financiamento do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A norte-americana AES
também depositou garantias e
não apresentou lances.
Covas afirmou que o número de
participantes teria sido maior se
houvesse o financiamento. "Parece que o BNDES está em outro ramo agora", ironizou, numa referência ao empréstimo de R$ 700
milhões do banco para que a Ford
se instale na Bahia.
A compradora
Com ativos de US$ 26 bilhões e
faturamento de US$ 17 bilhões, a
Duke está entre as três maiores
companhias de energia dos EUA e
tem negócios em 50 países.
A compra da Paranapanema é o
maior investimento individual da
empresa fora dos EUA e marca
sua entrada no mercado nacional.
"O Brasil é um mercado prioritário para a Duke Energy", afirmou o vice-presidente da companhia, Peter Wilt. Segundo ele, a
empresa pretende participar de
outros leilões de privatização de
geradoras de energia no país e
também entrar no negócio de gás.
A Paranapanema é uma das três
geradoras criadas com a cisão da
Cesp (Companhia Energética de
São Paulo) e é a primeira estatal
desse tipo a ser privatizada no Estado.
Covas afirmou que a Tietê será a
próxima geradora a ser privatizada, em outubro.
Antes disso, o governo venderá
pelo menos uma das duas áreas
de concessão de exploração de gás
que sobraram depois da privatização da Comgás.
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