São Paulo, Quinta-feira, 29 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PRIVATIZAÇÃO
Paranapanema é vendida por R$ 1,2 bi para a Duke Energy
Grupo dos EUA paga ágio de 90% e leva energética

CLÁUDIA TREVISAN
PATRÍCIA ANDRADE
da Reportagem Local

A empresa norte-americana Duke Energy comprou ontem o controle acionário da Companhia de Geração de Energia Elétrica Paranapanema por R$ 1,239 bilhão, valor que supera em 90,21% o preço mínimo fixado pelo governo de São Paulo.
O ágio obtido na privatização da estatal foi considerado "extraordinário" pelo governador Mário Covas (PSDB).
Das quatro empresas que haviam depositado garantias anteontem para participar do leilão, apenas duas apresentaram propostas: a Duke e a belga Tractebel.
O envelope com o lance da Tractebel foi o primeiro a ser aberto pelo leiloeiro da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Com ágio de apenas 1,84%, a proposta deixou apreensivo o governador Covas.
Depois da desistência de dois concorrentes, o baixo valor do lance ameaçava o sucesso do leilão. "Eu não posso assegurar em que lugar eu senti frio. Mas que senti frio, senti", disse o governador, quando questionado se havia sentido um "frio na barriga" na leitura do primeiro lance.
A apreensão foi dissipada em seguida, quando o leiloeiro anunciou a proposta da Duke, que superou em 87% a da Tractebel.
A Folha apurou que uma das razões que levou o grupo brasileiro VBC a desistir do leilão foi a ausência de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A norte-americana AES também depositou garantias e não apresentou lances.
Covas afirmou que o número de participantes teria sido maior se houvesse o financiamento. "Parece que o BNDES está em outro ramo agora", ironizou, numa referência ao empréstimo de R$ 700 milhões do banco para que a Ford se instale na Bahia.

A compradora
Com ativos de US$ 26 bilhões e faturamento de US$ 17 bilhões, a Duke está entre as três maiores companhias de energia dos EUA e tem negócios em 50 países.
A compra da Paranapanema é o maior investimento individual da empresa fora dos EUA e marca sua entrada no mercado nacional.
"O Brasil é um mercado prioritário para a Duke Energy", afirmou o vice-presidente da companhia, Peter Wilt. Segundo ele, a empresa pretende participar de outros leilões de privatização de geradoras de energia no país e também entrar no negócio de gás.
A Paranapanema é uma das três geradoras criadas com a cisão da Cesp (Companhia Energética de São Paulo) e é a primeira estatal desse tipo a ser privatizada no Estado.
Covas afirmou que a Tietê será a próxima geradora a ser privatizada, em outubro.
Antes disso, o governo venderá pelo menos uma das duas áreas de concessão de exploração de gás que sobraram depois da privatização da Comgás.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Empresas estrangeiras passam a controlar 5 energéticas em SP
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.