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ORÇAMENTO
Eleito contará com cerca de R$ 8 bilhões, contra os R$ 18,8 bilhões de gastos autorizados neste ano
Sucessor de FHC terá menos da metade da verba para investir
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A proposta orçamentária que
Fernando Henrique Cardoso
manda hoje ao Congresso para o
primeiro ano de mandato do sucessor dá pouco fôlego a promessas de campanha. O presidente
eleito terá em 2003 menos da metade dos investimentos autorizados no Orçamento deste ano.
Além disso, terá uma margem
pequena para reajustes do salário
mínimo e dos salários do funcionalismo público.
Serão cerca de R$ 8 bilhões para
investimentos, segundo a proposta orçamentária, contra os R$ 18,8
bilhões de gastos autorizados neste ano, dos quais FHC só tirou do
papel, até a última sexta, pouco
mais de 6% (R$ 1,13 bilhão).
Caso o sucessor não recorra a
novos aumentos de impostos ou
não consiga reduzir gastos com a
máquina do governo, restará para
investir um valor próximo à média de investimentos efetivados
do governo FHC. Desde 1995, foram gastos R$ 6,2 bilhões, em média, por ano, em investimentos.
O valor previsto na proposta orçamentária, porém, era sempre
maior. Desde 95, R$ 65,62 bilhões
previstos para esse tipo de gasto
não saíram do papel (veja no quadro). A diferença contribuiu para
cumprir, a partir de 1998, as metas
de superávit primário (economia
de gastos para pagamento de juros) acertadas com o Fundo Monetário Internacional.
Além de ter pouco dinheiro para investir, o candidato que ganhar as eleições terá dificuldade
para conceder um reajuste do salário mínimo acima da inflação. A
inflação prevista no próximo Orçamento para o ano que vem é de
6%, e o reajuste do salário mínimo, de aproximadamente 5%.
O aumento linear para servidores públicos também será magro:
3%, segundo a proposta que vai
ao Congresso.
Para enfrentar o orçamento magro, só há duas alternativas: mais
cortes de gastos ou aumento de
impostos. O governo resolveu
deixar a escolha para o sucessor.
A alíquota de Imposto de Renda
para quem ganha mais de R$ 2.115
cairá de 27,5% para 25% em janeiro do ano que vem. O governo
não proporá ao Congresso manutenção da alíquota maior. Isso significa perda de arrecadação de
aproximadamente R$ 1,7 bilhão.
Além disso, a correção feita em
toda a tabela do IR, que só surtiu
efeito em alguns meses de 2002,
deverá vigorar o ano todo em
2003. Isso significa que haverá
perda também com essa correção
ao longo de todo o próximo ano.
Também haveria perda com a
redução da alíquota da CSLL
(Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) de 9% para 8%. Nesse caso, o governo já decidiu propor a manutenção da alíquota.
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