São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PRESIDENTE

Presidenciável do PPS é aconselhado de novo por assessores para moderar tom de declarações

Frente atribui queda ao próprio Ciro

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Integrantes da coordenação da campanha de Ciro Gomes (PPS) à Presidência da República avaliaram ontem que parte da culpa pela queda do ex-governador nas pesquisas de opinião deve ser atribuída ao próprio candidato, autor das frases levadas ao ar no programa eleitoral de José Serra (PSDB).
As declarações de Ciro referindo-se a um ouvinte na Bahia como "burro" e afirmando ter estudado a vida toda em escolas públicas têm sido os principais instrumentos do tucano na tentativa de carimbá-lo como "desequilibrado" e "mentiroso".
Embora todos concordem que as afirmações foram retiradas do contexto e que há explicações para os deslizes de Ciro -cansaço, pressão e até mesmo, como costumam dizer, o temperamento "indignado" do ex-governador-, avaliam também que a estratégia de Serra não teria surtido efeito se as frases não existissem.
Outro exemplo de erro do gênero cometido pelo candidato, dizem, foi o de ter negado o microfone a um estudante negro da Universidade de Brasília, no início do mês, alegando que ele não poderia ter essa prerrogativa apenas por ser negro, já que ninguém mais tivera a mesma chance.
Interlocutores do candidato do PPS já chegaram a receber denúncias de pessoas interessadas na compra de imagens ou de declarações gravadas de Ciro que sigam o mesmo tom e que possam comprometer a candidatura.
Emitiram um alerta sobre a possibilidade de provocações em eventos públicos feitas justamente com o objetivo de reprodução no horário eleitoral.
Diante disso, o presidenciável, como já aconteceu em diversas outras ocasiões na campanha, foi novamente aconselhado a moderar o tom de suas declarações.
O argumento utilizado foi o de que mesmo sendo naturais, alguns erros de campanha podem acabar sendo potencializados, em especial quando partem do candidato ou de aliados próximos. Dado de maneira sutil, o recado, avaliam, foi absorvido por Ciro.
Há setores da campanha, entretanto, que vêem a queda nas pesquisas não como um erro do candidato, mas como uma tentativa de fraude nas eleições.
Por isso o PDT de Leonel Brizola prepara uma petição para ser encaminhada à Internacional Socialista, entidade à qual a sigla é filiada, solicitando uma auditoria internacional para o acompanhamento do processo eleitoral.

Tasso
Após análise de pesquisas qualitativas feitas para avaliar o programa de TV do pepessista, foi decidido que, além da mulher de Ciro, a atriz Patrícia Pillar, também seus aliados da Frente Trabalhista e de outros partidos deverão participar do programa eleitoral. A primeira contribuição de Patrícia poderá ir ao ar ainda hoje.
Já a presença dos políticos está programada para a próxima semana. Cogitou-se até mesmo a participação de Tasso Jereissati. Desistiram após advogados da Frente afirmarem que a iniciativa poderia levar à cassação da candidatura do tucano ao Senado.
Tasso e o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, participaram de reunião ontem em São Paulo com Walfrido Mares Guia (PTB), um dos coordenadores da candidatura, para discutir a campanha. Contrários aos ataques pessoais a Serra e ao presidente Fernando Henrique, defenderam que as chamadas incongruências tucanas sejam levadas ao ar de maneira "educada e consistente".



Texto Anterior: Celso Pinto: Empresas ainda têm fôlego para a crise
Próximo Texto: Estratégia: Ciro promete 'sangue'; Serra mantém ataques
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.