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REAÇÃO
"Por mais que se queira construir um monstro agressivo, isso é uma versão que não corresponde à minha vida", diz candidato
Não sou nenhum "monstro", afirma Ciro
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, declarou ontem
que a estratégia de seus adversários é transformá-lo em um
monstro agressivo e desequilibrado: "Não vou deixar que meus adversários figurem uma pessoa que
efetivamente não sou", disse.
Ciro passou toda a manhã e parte da tarde em São Paulo, onde
gravou programas de TV e reuniu-se com assessores. Nos encontros, ficou definido que ele
adotará uma postura equilibrada
e será mais atento aos discursos
para se desvencilhar dos ataques
de José Serra (PSDB) e "colar" no
tucano a imagem de imaturo.
Na entrevista, Ciro mediu cada
palavra: "Esta é 13ª eleição da qual
eu participo. Não fui candidato
em todas elas, é bom deixar claro,
porque agora tudo que eu falo como força de expressão vira literal.
Se eu falo "passei a noite inteira te
procurando", pronto, dizem que
eu menti, porque na verdade passei só oito horas te procurando".
Aparentando tranquilidade, Ciro disse que a campanha não sofrerá mudanças radicais mesmo
após sua queda nas pesquisas
("eu não costumo dar muito valor
às pesquisas") e que evitará ataques diretos a Serra: "É uma questão ética. Minha natureza não é
essa. Por mais que se queira construir um monstro agressivo, desequilibrado, isso é uma versão que
não corresponde à minha vida".
Mas insinuou ter munição contra o tucano. "Eu tenho Ricardo
Sérgio [ex-arrecadador de fundos
de campanhas tucanas]. Conheço
o Serra de mil anos, eu conheço
todas as graves questões que ficaram por aí sem serem respondidas. Agora, o que isso acrescenta à
educação política do país?"
Hoje à noite, Ciro vai jantar com
empresários cariocas. O anfitrião
é Álvaro Luiz Otero, do banco
Pebb. Ontem a lista de presentes
chegava a 80 pessoas. Além dos
convites, os convidados receberam instruções sobre como contactar o comitê financeiro de Ciro
para doar dinheiro. A contribuição sugerida é algo entre R$ 10 mil
e R$ 20 mil para cada um.
O combinado é que não sejam
feitas doações hoje para não caracterizar o jantar como um encontro de adesão e assim ampliar
o número de presentes. Mas estarão lá os arrecadadores de Ciro: o
irmão, Lúcio Gomes, o empresário Márcio Lacerda, e o deputado
Walfrido Mares Guia (PTB-MG).
O fluxo de recursos continua difícil na campanha de Ciro. A preferência dos empresários por Serra é acentuada pela atuação de
Lúcio Gomes, criticado por potenciais aderentes por ser pessoa
de diálogo difícil, que prefere "ser
procurado" a "procurar".
Colaborou ANDREA MICHAEL, em São
Paulo
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