São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 2002

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REAÇÃO

"Por mais que se queira construir um monstro agressivo, isso é uma versão que não corresponde à minha vida", diz candidato

Não sou nenhum "monstro", afirma Ciro

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, declarou ontem que a estratégia de seus adversários é transformá-lo em um monstro agressivo e desequilibrado: "Não vou deixar que meus adversários figurem uma pessoa que efetivamente não sou", disse.
Ciro passou toda a manhã e parte da tarde em São Paulo, onde gravou programas de TV e reuniu-se com assessores. Nos encontros, ficou definido que ele adotará uma postura equilibrada e será mais atento aos discursos para se desvencilhar dos ataques de José Serra (PSDB) e "colar" no tucano a imagem de imaturo.
Na entrevista, Ciro mediu cada palavra: "Esta é 13ª eleição da qual eu participo. Não fui candidato em todas elas, é bom deixar claro, porque agora tudo que eu falo como força de expressão vira literal. Se eu falo "passei a noite inteira te procurando", pronto, dizem que eu menti, porque na verdade passei só oito horas te procurando".
Aparentando tranquilidade, Ciro disse que a campanha não sofrerá mudanças radicais mesmo após sua queda nas pesquisas ("eu não costumo dar muito valor às pesquisas") e que evitará ataques diretos a Serra: "É uma questão ética. Minha natureza não é essa. Por mais que se queira construir um monstro agressivo, desequilibrado, isso é uma versão que não corresponde à minha vida".
Mas insinuou ter munição contra o tucano. "Eu tenho Ricardo Sérgio [ex-arrecadador de fundos de campanhas tucanas]. Conheço o Serra de mil anos, eu conheço todas as graves questões que ficaram por aí sem serem respondidas. Agora, o que isso acrescenta à educação política do país?"
Hoje à noite, Ciro vai jantar com empresários cariocas. O anfitrião é Álvaro Luiz Otero, do banco Pebb. Ontem a lista de presentes chegava a 80 pessoas. Além dos convites, os convidados receberam instruções sobre como contactar o comitê financeiro de Ciro para doar dinheiro. A contribuição sugerida é algo entre R$ 10 mil e R$ 20 mil para cada um.
O combinado é que não sejam feitas doações hoje para não caracterizar o jantar como um encontro de adesão e assim ampliar o número de presentes. Mas estarão lá os arrecadadores de Ciro: o irmão, Lúcio Gomes, o empresário Márcio Lacerda, e o deputado Walfrido Mares Guia (PTB-MG).
O fluxo de recursos continua difícil na campanha de Ciro. A preferência dos empresários por Serra é acentuada pela atuação de Lúcio Gomes, criticado por potenciais aderentes por ser pessoa de diálogo difícil, que prefere "ser procurado" a "procurar".


Colaborou ANDREA MICHAEL, em São Paulo



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