São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 2002

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NO AR

Fofoca e insinuação

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Ciro Gomes, ontem no "palácio" da Força Sindical, fez bravata e disse que não vai partir para o ataque porque "em time que está ganhando não se mexe".
Mais uma metáfora de futebol -e ele deveria se lembrar que a queda no Ibope coincidiu com a derrota da seleção.
Com ou sem futebol, Ciro insistiu que "as fofocas de que haverá mudanças na estratégia", de que vai ao ataque, não são verdadeiras.
Mais algumas frases, porém, e o candidato mudou de estratégia ali mesmo.
Chamou a campanha tucana de "completamente desonesta" e fez uma "insinuação grave", no dizer de Boris Casoy, no Jornal da Record.
Ciro disse que conhece Serra "de mil anos", todos os seus deslizes. Que não vai falar "porque não acrescentaria nada" ao país. Mas, é claro, falou assim mesmo, em reprodução do Jornal da Band:
- Eu tenho Ricardo Sérgio, tenho Bierrenbach.
A insinuação era um ataque em si mesma, é evidente, um ataque a ser reproduzido em progressão na TV.
Casoy, de imediato, cobrou que Ciro revele o que sabe, se é que sabe. E assim as penas da contrapropaganda começaram a se espalhar.
 
E não é só nos telejornais. Quem quiser mais Ciro no ataque é só procurar em seu site. Lá se define um pouco mais a nova estratégia -de atacar Serra, o governista.
No "palácio" da Força Sindical, ele já falou da "máquina poderosa do governo usada de forma despudorada".
No site, trata-se do ministro da Saúde, mais especificamente. Do lado tucano, já se rebate que será perda de tempo, porque a aprovação do candidato como ministro seria muito alta, nas pesquisas internas.
Até para a contrapropaganda é preciso ser competente -saber em que alvo atirar, para não gastar bala à toa.
 
Mas que o "governo" é a maior questão de Serra nesta campanha, isso é. Do âncora Renato Machado, ao entrevistar o tucano no Bom Dia Brasil, quando se perguntou sem parar do "governo":
- Ser ou não ser governo. Esse é um dilema que acompanha o senhor desde o início da campanha. É bom o presidente aparecer na sua campanha?
E Serra:
- Ele deve aparecer mais.
"Deve", mas não apareceu mais desde o distante primeiro capítulo da propaganda.
 
O conflito de Ciro e Serra já se reproduz em São Paulo, entre Paulo Maluf e Geraldo Alckmin. Como veículo, o horário dos candidatos a deputado.



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