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Autores recebem orientação para evitar tema político nas novelas
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é apenas a imagem dos atores que a TV Globo quer deixar
bem longe da política no ano em
que transformou a cobertura eleitoral em sua grande vitrine. Autores da emissora receberam
"orientação" da direção para evitar temas políticos nas novelas,
segundo a Folha apurou.
Em comunicado interno, a Globo determina que "conforme a legislação eleitoral, os programas
de entretenimento (novelas, minisséries, humorísticos e de auditório) não poderão tratar de temas políticos durante o período
que se inicia em 1º de julho e se
encerrará ao final do processo de
eleições. Essa proibição legal inclui temas que tratem de candidatos, partidos ou coligações".
A regra do papel está pautada
na lei eleitoral 9.504/97, que proíbe a TV de "veicular filmes, novelas, minisséries ou qualquer outro
programa com alusão crítica a
candidato ou partido político,
mesmo que dissimuladamente".
As determinações, no entanto,
foram além do comunicado por
escrito, segundo a Folha apurou.
Benedito Ruy Barbosa, de "Esperança", recebeu orientação para evitar o foco em assuntos políticos até as eleições. A trama, que
se iniciou em 29 e passou pela Revolução Constitucionalista de 32,
deve ficar nos anos de 33 e 34
-menos políticos- até as eleições e só entrar na questão do Estado Novo, de 35, em novembro.
Uma fonte ligada à teledramaturgia afirmou que a direção da
Globo chegou a manifestar preocupação em relação à imagem
que a novela passaria de Getúlio
Vargas -usado, principalmente,
pelo presidenciável Anthony Garotinho (PSB) na campanha.
A novela das sete que estreou na
segunda, "O Beijo do Vampiro",
sofreu mudanças antes de entrar
no ar. Um dos personagens centrais da trama, um prefeito, teve
de ser substituído por um promotor. E o autor, Antônio Calmon,
afirmou em uma entrevista coletiva que não poderia tratar de política na novela até as eleições.
Ano ideal
A avaliação da Globo é de que
este ano eleitoral -com a disputa
mais acirrada que em 98- seja
ideal para enterrar o prejuízo causado na imagem da emissora pela
edição do debate de 89 (em que
Collor teve mais espaço que Lula).
Há dois anos, uma pesquisa interna detectou que telespectadores
ainda apontavam o episódio -de
dez anos atrás- como um ponto
negativo da empresa.
(LM)
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