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Governo anuncia investimentos
de R$ 7,8 bilhões
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Insistindo em que desta vez o
projeto de Orçamento com previsão de gastos para 2004 não será
uma peça de ficção, o ministro
Guido Mantega (Planejamento)
anunciou o aumento dos investimentos públicos de R$ 4,3 bilhões
para R$ 7,8 bilhões, sem contar
com as empresas estatais. O dinheiro disponível para a reforma
agrária será suficiente apenas para assentar 60 mil famílias, e as rodovias receberão menos investimentos do que em 2002.
"Não posso jurar que não vai
haver contingenciamento (bloqueio de gastos), porque a economia está sujeita a intempéries,
mas não é para haver cortes, é um
Orçamento realista", disse o ministro. Caso saia do papel, o volume de investimentos será bem superior aos gastos do último ano
de governo Fernando Henrique
Cardoso, que registrou despesas
de R$ 4,5 bilhões, embora tivesse
planejado R$ 18 bilhões em investimentos da administração direta.
Neste ano, o Orçamento autorizou investimentos de R$ 14,1 bilhões, dos quais sobraram R$ 4,3
bilhões depois dos cortes. Até o
início do mês, haviam sido gastos
apenas R$ 432 milhões.
Juntando os gastos de investimentos com as despesas de custeio da máquina pública, fica clara
a prioridade para a área social. Ela
levará R$ 42,3 bilhões dos R$ 60,3
bilhões destinados ao conjunto
dos ministérios.
A área de infra-estrutura, que
deveria representar outra prioridade nos planos do governo Lula,
receberá menos do que o grupo
de ministérios ligados aos Poderes de Estado, com destaque para
o Ministério da Defesa.
O Ministério dos Transportes,
por exemplo, receberá 35% a mais
do que neste ano, mas o total ficará ainda aquém do que foi gasto
em 2002, último ano de FHC. Para
compensar a falta de dinheiro, o
governo espera poder atrair investimentos privados, por meio
de parcerias cujas regras serão
submetidas ao Congresso.
O tratamento a pão e água é
quase generalizado na Esplanada.
Mas, na pressão por um maior volume de verbas para suas pastas,
alguns ministros terão mais motivos para reclamar. O titular do
Ministério de Segurança Alimentar e Combate à Fome foi o único
que perdeu verbas. E muito: quase 77% do que dispõe neste ano.
José Graziano ficou sem o cartão-alimentação, que transfere R$ 50
por mês às famílias pobres.
Já José Fritsch, ministro da Secretaria Especial de Pesca, pôde
comemorar a multiplicação de
seu orçamento, que cresce de R$
6,2 milhões para R$ 75 milhões.
Talvez a ação social mais importante indicada pelo Orçamento
seja a transferência de renda às famílias pobres (com renda abaixo
de meio salário mínimo). O conjunto de programas de transferência de renda contará com R$
5,35 bilhões, mais de R$ 1 bilhão a
mais do que em 2003.
Reforma agrária
Pelo Orçamento, é possível prever novos conflitos de terra no
país no ano que vem. As verbas
destinadas ao Ministério do Desenvolvimento Agrário passam
de R$ 713 milhões para pouco
mais de R$ 1 bilhão. Segundo
Mantega, será suficiente para assentar 60 mil famílias no ano que
vem porque o governo recorrerá a
terras públicas para baratear o
custo da reforma agrária.
Ocorre que 60 mil famílias era a
meta de assentamento em 2003,
das quais só será possível assentar
10 mil, segundo o Desenvolvimento Agrário, que já cadastrou
cerca de 80 mil famílias acampadas no país. O levantamento do
público potencial da reforma
agrária ainda não foi concluído.
O Ministério de Ciência e Tecnologia terá o menor percentual
de aumento de verbas em comparação com 2003, só 6,3%. Segundo Mantega, poderá haver remanejamento de verbas na área para
levar adiante o programa espacial,
duramente atingido pelo acidente
na base de Alcântara, no Maranhão. Só uma nova plataforma de
lançamento de foguetes custaria
R$ 10 milhões, mas o Orçamento
só prevê investimentos de R$ 4,5
milhões no programa.
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