CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

As greves de 1978, que ocorreram no ABC paulista e desafiaram o regime militar, foram o "embrião" para a formação da CUT (Central Única dos Trabalhadores) -primeira central que reuniu trabalhadores de diferentes categorias profissionais do país.
Sob o comando de Luiz Inácio Lula da Silva, hoje presidente da República e na ocasião presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, os trabalhadores protestavam contra o arrocho salarial e denunciavam que o governo havia "camuflado" a inflação. As reivindicações salariais logo se transformaram em protesto político.
"Percebemos que era necessário organizar os trabalhadores. Os empresários já haviam se organizado com a CNI [Confederação Nacional da Indústria]", diz o ex-deputado federal Jair Meneguelli, que comandou a central desde a sua fundação em 1983 até 1994 e hoje preside o Conselho do Sesi, uma entidade empresarial.
Em 1981, a decisão de reunir os trabalhadores em uma central sindical foi aprovada na primeira Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras, na Praia Grande. Mas o confronto entre duas tendências -os mais conservadores, ligados à Unidade Sindical, e os mais progressistas, ligados à Articulação Nacional dos Movimentos Populares e Sindicais- acabou provocando o primeiro racha do movimento sindical.
Dois anos depois, 5.059 sindicalistas participaram do congresso de fundação da central, no Pavilhão da Vera Cruz, em São Bernardo do Campo. "Surgimos na ilegalidade, ameaçados de punição, como já ocorria com os sindicatos de metalúrgicos, bancários e metroviários que estavam sob intervenção federal", diz Meneguelli. Entre as bandeiras da central, a luta pela liberdade e autonomia sindical, a democratização do país e as melhorias nas condições de vida e trabalho da população.
A central, que informa reunir hoje 3.353 sindicatos e representar 22,5 milhões de trabalhadores no país, participou nos últimos 20 anos de acontecimentos importantes do cenário político, econômico e social. "A CUT nasceu como resultado da contestação ao regime militar, consolidou o direito ao voto livre e ajudou no rumo do país contra o impeachment de Collor [ex-presidente Fernando Collor de Mello] em 1992", diz Luiz Marinho, eleito presidente da central em junho deste ano.


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