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GRAMPO NO BNDES
Gravação autorizada de conversas de suspeitos pode envolver Alberto Cardoso (Casa Militar)
Escuta em arapongas amplia mistério
JOSIAS DE SOUZA
Secretário de Redação
O caso do grampo nos telefones do BNDES continua assombrando o Palácio do Planalto. Ao investigar a escuta clandestina que expôs as entranhas do processo de privatização
da Telebrás, a PF (Polícia Federal) esbarrou numa pista que
traz para o centro do mistério ninguém menos que o general
Alberto Cardoso, chefe do Gabinete Militar da Presidência e
responsável pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
Destacado para conduzir as investigações, o delegado Rubens Grandini mostra-se convencido de que um subordinado do general Cardoso, o araponga Temilson Antônio Barreto de Resende, está por trás do grampo do BNDES.
Grandini carrega na pasta, há pelo menos três meses, algo
que hesita em investigar: Temilson e o general Cardoso podem ter se encontrado no Rio, no último mês de abril.
Para fisgar Temilson, um ex-agente do velho SNI, hoje funcionário da Abin no Rio, a agência de espionagem do governo, Grandini usou o mesmo tipo de artifício que, segundo
acredita, o espião empregou no BNDES: o grampo.
Munido de autorização judicial, o delegado monitorou o telefone celular de Temilson por cerca de um mês. Grampeou
também os celulares de dois amigos do espião: Adilson Alcântara de Matos, um ex-marinheiro que possui uma empresa de investigações no Rio, e Célio Arêas Rocha, ex-agente da
PF. Ambos também têm, segundo a convicção do delegado,
participação no caso do BNDES.
A Folha obteve na PF cópia das transcrições dos diálogos captados pelo grampo oficial. O documento lança
um facho de luz nos porões da comunidade de informações. As conversas expõem uma rede de intrigas entre
duas repartições públicas: a PF e a Abin. Revela também
uma penca de delitos dos arapongas -da bisbilhotice da
vida alheia, à obtenção de dados sigilosos de correntistas
de bancos, passando pela venda de passaportes brasileiros para criminosos internacionais.
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