São Paulo, Domingo, 29 de Agosto de 1999
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GRAMPO NO BNDES
Alberto Cardoso, chefe da Casa Militar, afirmou que nunca conversou com Temílson Resende
General nega conversa com suspeito

da Sucursal de Brasília

O general Alberto Cardoso, chefe da Casa Militar da Presidência, disse que nunca conversou com o analista de informações Temílson Antônio Barreto de Resende, o Telmo, lotado no Rio na representação da SSI (Subsecretaria de Inteligência) da Casa Militar.
"Se ele tivesse me procurado, teríamos conversado. É natural um chefe atender o pedido de um subordinado que quer conversar", disse Cardoso.
Telmo é um dos principais suspeitos, segundo a Polícia Federal, de ter feito em 98 o grampo nos telefones do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) durante a privatização do Sistema Telebrás.
Na avaliação do general, Telmo mentiu na conversa grampeada pela PF se quis dizer que havia falado com ele no Rio, no dia 24 de abril passado, sobre o grampo durante o processo de privatização.
A assessoria do general informou que ele ficou em Brasília nessa data. Um dia depois, Telmo disse no telefone grampeado que havia conversado na véspera com alguém que iria depor em uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). Cardoso depôs no dia 27 na CPI do Narcotráfico.
O general negou que tenha viajado ao Rio para acertar detalhes de seus depoimentos à PF com Telmo e com o chefe da representação local da SSI da Casa Militar, João Guilherme Almeida.
Cardoso rejeitou a idéia defendida por procuradores da República de que tenha havido contradições entre o seu depoimento e o do chefe da SSI no Rio.
"Como se passaram quase oito meses entre os fatos e os depoimentos, é natural ter havido algum problema no que falamos, sem que isso signifique alguma contradição", disse Cardoso.
Cardoso não quis falar sobre as acusações que pesam contra Telmo. A Folha apurou que o general tentou afastar Telmo da representação da SSI no Rio de Janeiro por seu suposto envolvimento com bicheiros do Rio.
No final de dezembro de 98, Cardoso foi informado sobre a existência de um procedimento na SSI que apurava as acusações contra Telmo. Nessa época, começaram a surgir notícias sobre o suposto envolvimento de Telmo com o grampo no BNDES.
Seu afastamento chegou a ser publicado no "Diário Oficial" da União, há cerca de três meses. Mas a decisão foi revogada dois dias depois pelo setor administrativo do governo porque iria ferir o regime jurídico dos servidores públicos.
Telmo voltou ao trabalho, mas ficou na "geladeira". Por ordem do general, ele não participa das atividades na representação da SSI, onde funcionará a filial da futura Abin (Agência Brasileira de Inteligência). (ABNOR GONDIM)


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