São Paulo, Domingo, 29 de Agosto de 1999
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Acusados negam envolvimento e se recusam a falar

da Sucursal do Rio
""Estou com meu nome na lama. Não tenho nada para falar", reagiu o principal suspeito do grampo telefônico no BNDES, Temílson Antônio Barreto de Resende, o Telmo, ao ser procurado pela Folha.
O advogado de Telmo, Carlos Kenigsberg, disse que vai entrar com ações de indenização por danos morais contra todos que o envolveram no escândalo. Sem citar nomes, afirmou que vai iniciar os processos em setembro.
""Imagine o que é estar em outdoor e em bancas de jornal igual à Tiazinha", disse Kenigsberg, para resumir os transtornos pelos quais seu cliente vem passando.
Telmo foi afastado da função de analista de informações da agência da SSI (Subsecretaria de Inteligência da Presidência da República) no centro do Rio. A Casa Militar, em Brasília, informou que o agente está fazendo apenas trabalhos burocráticos.
O chefe do escritório da SSI no Rio, João Guilherme dos Santos Almeida, que também prestou depoimento na Polícia Federal, não recebeu a Folha.
Santos Almeida foi a primeira pessoa a informar o chefe da Casa Militar, general Alberto Cardoso, sobre a existência de ""material comprometedor" (as fitas do BNDES) contra o governo.
Os depoimentos de Santos Almeida e do general Cardoso à PF, porém, deram início a uma contradição que o inquérito ainda não conseguiu solucionar.
O general disse que o chefe da agência no Rio lhe falou a respeito de "gravações de telefonemas em torno da privatização da Telebrás", com um diálogo de FHC.
Santos Almeida disse ter contado ao general apenas sobre um "material comprometedor" contra o presidente da República, sem especificar que tipo de material era nem o assunto.
Insatisfeito, o Ministério Público pediu uma acareação entre eles. A "acareação" aconteceu sem que os dois ficassem frente a frente para o confronto de informações. Foram ouvidos separadamente e apenas ratificaram suas declarações. Com isso, a contradição no inquérito permanece.
O ex-superintendente da PF no Rio Edson de Oliveira, que teve vários diálogos com Telmo captados na escuta autorizada pela Justiça, está suspenso de suas funções desde o início deste ano.
Oliveira -juntamente com Telmo- foi denunciado no processo que investiga o pagamento de propinas a policiais por parte de bicheiros. O delegado está suspenso até que a ação seja julgada.
O ex-superintendente continua recebendo seu salário, de aproximadamente R$ 6.000 líquidos. Procurado pela Folha, Oliveira não quis comentar seu envolvimento com Telmo.
O ex-policial federal Célio Arêas Rocha, terceiro suspeito da escuta no BNDES a ter o telefone grampeado pela Justiça, nega a autoria do grampo e diz que está à disposição da polícia para esclarecimentos. Rocha foi demitido da PF, em 1991, depois de responder a processo disciplinar.






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