|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ DIA DA CAÇA
Para Jaques Wagner, eleição de ex-ministro traz reaglutinação da
base aliada na Câmara e mostra que não houve constrangimento
Ministro nega "rolo compressor" e Lula prega independência
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, que se empenhou pessoalmente para a candidatura e a
vitória de Aldo Rebelo (PC do B-SP), divulgou nota de cinco linhas
em que cumprimenta o novo presidente da Câmara e diz estar seguro de que Legislativo e Executivo continuarão a ter diálogo "independente, construtivo e respeitoso, sempre voltado ao legítimo
interesse da sociedade".
No dia seguinte à eleição do ex-presidente da Casa Severino Cavalcanti (PP-PE), que vencera o
candidato do governo, Luiz
Eduardo Greenhalgh (SP), em fevereiro, Lula disse que o Planalto
não havia sido derrotado na disputa porque "não disputou a eleição, quem disputou foi o PT".
Um dos ministros mobilizados
pelo Planalto para agir em favor
de Aldo, Jaques Wagner (Relações Institucionais) disse ontem,
logo após o resultado, que a vitória reaglutina a base aliada, fortalece o governo e mostra que o relacionamento com o Legislativo
foi de "respeito, diálogo e convencimento", e não de "constrangimento ou tráfico de influência".
Logo após conceder entrevista,
Wagner seguiu para a Granja do
Torto, onde se encontrou com
Lula para fazer a "comemoração
da base do governo". A primeira
reunião oficial entre Lula e Aldo
deve acontecer hoje.
No Planalto, o clima era de alívio e emoção. Funcionários e o
próprio ministro choraram ao saber do resultado. "Até que enfim
uma alegria", comemorou Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete de
Lula, dizendo que a eleição importante para manter a relação
adequada com o Legislativo.
Mais cedo, Wagner disse à Folha que a oposição exagerou nas
críticas a Lula, especialmente setores do PFL, "o que despertou
um sentimento na base do governo" na Câmara de que precisava
reagir. "Depois de tanto exagero e
de uma certa agressão de parte
menor das oposições, a base levantou sua auto-estima. Entendeu quer era hora de reagir a uma
condenação prematura e indevida do nosso governo."
Para Wagner, a vitória de Aldo
"dignifica" a Câmara e "mostra
que a Casa não quer ser nem governo nem oposição, quer ser o
Parlamento brasileiro".
O ministro negou que o governo tenha ido "além do limite".
"Disse ao presidente que nós ganhamos essa eleição sem vender a
alma, a minha, nem vender o governo", completou, afirmando
que o governo respeitou os deputados que quiseram manter as
candidaturas.
Negando "rolo compressor", o
ministro disse que não houve
"tráfico nem ameaça, mas sim
convencimento". Ao tratar da liberação das emendas de parlamentares, Wagner disse que o recurso é um direito dos deputados
e faz parte de cronograma de liberação, a cada dois meses. "Não
oferecemos ministério a ninguém. Pedimos aos ministros que
estão na aliança de apoio ao governo que buscassem votos."
Articulação
O ministro disse ainda que sua
intenção é "tentar retomar um
diálogo com todo o PMDB", partido que se apresentou dividido
na disputa. Afirmou que ontem
mesmo ligou para membros do
grupo oposicionista dispondo-se
a manter "canais abertos" para
futuras negociações.
Wagner disse que vai procurar a
parte do PMDB que optou pela
candidatura de José Thomaz Nonô (PFL-AL) depois que o presidente do partido, Michel Temer
(SP), renunciou à candidatura.
Na avaliação da cúpula do governo, o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL),
não entregou os 60 votos peemedebistas a favor de Aldo que prometera a Lula e levou o governo a
ter de voltar a negociar mais fortemente com PP, PTB e PL para
vencer a eleição.
(KENNEDY ALENCAR E LUCIANA CONSTANTINO)
Texto Anterior: Da UNE à Câmara: Ex-ministro colecionou fracassos Próximo Texto: Lula diz proteger a economia de uma "pequenez política" Índice
|