São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 2005

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Lula diz proteger a economia de uma "pequenez política"

ENVIADO ESPECIAL AO SUL DA BAHIA

Dizendo-se otimista na inauguração do maior projeto privado em seu governo, a fábrica da Veracel Celulose no sul da Bahia, o presidente Lula atacou ontem seus antecessores e disse que está governando o país para proteger a economia do que chamou de casos de "pequenez política".
Em Eunápolis, diante de empresários brasileiros e estrangeiros, a maioria do ramo da celulose, Lula voltou a citar dados de exportações, importações, concessão de créditos, geração de emprego e controle da inflação. Ao tratar dos temas, alfinetou os "pacotes" econômicos de gestões passadas -José Sarney (1985-90) e Fernando Collor (1990-92)-, dizendo que então os empresários eram "pegos de calça-curta" e empobreciam.
"Estamos deixando de fazer, no Brasil, a política de curto prazo, a política pensada apenas até a próxima eleição, a política pensada apenas no próximo mandato, a política pensada apenas para um partido político. Nós estamos pensando, como eu disse no meu discurso [lido minutos antes], num país para os nossos netos, para os nossos filhos, para os nossos bisnetos", declarou.
E, prosseguiu, improvisando sua fala: "Um país que entre definitivamente no rol dos países desenvolvidos, em que a política econômica seja blindada com relação à pequenez política que, de vez em quando, acontece no nosso país. Que a política econômica seja elaborada pensando na nova geração".
Aplaudido pelos presentes, que lotaram auditório montado em fábrica instalada em meio plantações de eucaliptos, Lula insistiu no tema, tratando dos modelos de política econômica de seus antecessores. Preferiu não citar nomes, mas deixou subtendida uma crítica a Collor e a um de seus principais aliados no no momento no Congresso, o senador José Sarney (PMDB-AP), que, assim que chegou ao Planalto, lançou o Plano Cruzado.
"A economia brasileira era feita por pacotes. Entrava um ministro da Fazenda, ele já queria bolar o seu pacote e já lançava. Era o plano fulano de tal, era o plano sicrano de tal, era o plano com o nome do presidente (...). E todos eles, ao terminarem, as empresas estavam mais pobres, os empregados mais desempregados e a sociedade brasileira mais pobre", acrescentou.
Por causa do mau tempo, Lula percorreu de carro (e não de helicóptero) os cerca de 70 km entre o aeroporto de Porto Seguro e a fábrica, projeto de R$ 3,6 bilhões -sendo R$ 1,45 bilhão financiado pelo BNDES. Por conta disso, admitiu que gostaria de retornar logo a Brasília para acompanhar a eleição da presidência da Câmara. (EDUARDO SCOLESE)

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