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Lula diz proteger a economia de uma "pequenez política"
ENVIADO ESPECIAL AO SUL DA BAHIA
Dizendo-se otimista na
inauguração do maior projeto privado em seu governo, a fábrica da Veracel Celulose no sul da Bahia, o presidente Lula atacou ontem
seus antecessores e disse que
está governando o país para
proteger a economia do que
chamou de casos de "pequenez política".
Em Eunápolis, diante de
empresários brasileiros e estrangeiros, a maioria do ramo da celulose, Lula voltou a
citar dados de exportações,
importações, concessão de
créditos, geração de emprego e controle da inflação. Ao
tratar dos temas, alfinetou os
"pacotes" econômicos de
gestões passadas -José Sarney (1985-90) e Fernando
Collor (1990-92)-, dizendo
que então os empresários
eram "pegos de calça-curta"
e empobreciam.
"Estamos deixando de fazer, no Brasil, a política de
curto prazo, a política pensada apenas até a próxima eleição, a política pensada apenas no próximo mandato, a
política pensada apenas para
um partido político. Nós estamos pensando, como eu
disse no meu discurso [lido
minutos antes], num país
para os nossos netos, para os
nossos filhos, para os nossos
bisnetos", declarou.
E, prosseguiu, improvisando sua fala: "Um país que
entre definitivamente no rol
dos países desenvolvidos,
em que a política econômica
seja blindada com relação à
pequenez política que, de
vez em quando, acontece no
nosso país. Que a política
econômica seja elaborada
pensando na nova geração".
Aplaudido pelos presentes, que lotaram auditório
montado em fábrica instalada em meio plantações de
eucaliptos, Lula insistiu no
tema, tratando dos modelos
de política econômica de
seus antecessores. Preferiu
não citar nomes, mas deixou
subtendida uma crítica a
Collor e a um de seus principais aliados no no momento
no Congresso, o senador José Sarney (PMDB-AP), que,
assim que chegou ao Planalto, lançou o Plano Cruzado.
"A economia brasileira era
feita por pacotes. Entrava
um ministro da Fazenda, ele
já queria bolar o seu pacote e
já lançava. Era o plano fulano de tal, era o plano sicrano
de tal, era o plano com o nome do presidente (...). E todos eles, ao terminarem, as
empresas estavam mais pobres, os empregados mais
desempregados e a sociedade brasileira mais pobre",
acrescentou.
Por causa do mau tempo,
Lula percorreu de carro (e
não de helicóptero) os cerca
de 70 km entre o aeroporto
de Porto Seguro e a fábrica,
projeto de R$ 3,6 bilhões
-sendo R$ 1,45 bilhão financiado pelo BNDES. Por
conta disso, admitiu que
gostaria de retornar logo a
Brasília para acompanhar a
eleição da presidência da Câmara.
(EDUARDO SCOLESE)
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