São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo prevê tempos "tranqüilos"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA


O governo comemorou a vitória de Aldo Rebelo (PC do B-SP) para presidente da Câmara prevendo tempos "mais tranqüilos" no seu relacionamento com os deputados, apesar de reconhecer que as dificuldades que resultaram em inúmeras derrotas nos últimos meses persistem.
"Sem dúvida, essa vitória contribui para uma maior tranqüilidade para nós na Câmara. Agora, dizer que é uma nova era para o governo seria um exagero", declarou o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Os líderes da base tentaram fazer um contraste do novo período com o de Severino Cavalcanti (PP-PE). "Para a Câmara, a eleição do Aldo vai trazer a normalidade. Claro que diminui o patamar da crise", disse Chinaglia.
O presidente do PSB, deputado federal Eduardo Campos (PE), afirmou que a vitória do comunista é "muito importante para a Câmara devido à crise de credibilidade pela qual ela passa".
O líder do PSB, Renato Casagrande (ES), previu um "período de recuperação". "O Aldo vai conseguir agregar os partidos e trabalhar para recuperar a imagem do Legislativo", declarou.
Derrotado no primeiro turno, o corregedor da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI) reconheceu que o "rolo compressor" do governo funcionou. "Faz tempo que não vejo o governo trabalhar. Não tenho mágoa desse processo, só tenho ensinamentos", declarou.
Já o presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE), disse o que vários deputados do partido ontem admitiam discretamente. O partido votou com o governo devido à pressão do Planalto, que ameaçou retaliar contra o cargo no primeiro escalão, o Ministério das Cidades. "Nós trabalhamos para manter nosso ministério no governo."
A oposição passou a carimbar Aldo como um presidente submisso ao Planalto. E insinuou que ele poderá auxiliar os deputados sob risco de cassação. "Ele [Aldo] é mais dependente [do governo] porque tem mais compromisso com essa gente do "mensalão". Provavelmente vamos ter mais crise ainda", declarou o líder do PSDB, Alberto Goldman (SP).
O deputado federal Onyx Lorenzoni (PFL-RS) atacou o fato de Aldo ter sido testemunha de defesa de José Dirceu (PT-SP) no seu processo de cassação. Já o presidente do PPS, Roberto Freire (PE), disse que a vitória de Aldo mostra que a Câmara está "esquizofrênica". "A Câmara cassa o Jefferson por causa de "mensalão" e agora elege o coordenador político do governo do "mensalão"."


Texto Anterior: Lula diz proteger a economia de uma "pequenez política"
Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/Dia da caça: Pefelista culpa Planalto por sua derrota
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.