São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ DIA DA CAÇA

Apesar de criticar "jogo pesado" pró-Aldo, Nonô diz ser vitorioso por disputa ter sido acirrada; para ele, liberação de recursos influiu no resultado

Pefelista culpa Planalto por sua derrota

DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O candidato da oposição, José Thomaz Nonô (PFL-AL), atribuiu sua derrota à atuação do Palácio do Planalto em favor de Aldo Rebelo (PC do B), mas avaliou que, apesar de não ter vencido a disputa, considerava-se vitorioso.
"Foi uma candidatura de um grupo menor contra todo o poderio do governo, contra toda a máquina do governo, e perder uma eleição por uma margem tão pequena (15 votos), muito me gratifica." Para ele, "as análises de amanhã [hoje] serão claras sobre o que aconteceu [na Câmara]".
Nonô disse que "o Palácio jogou pesado" e que "o governo utilizou de todo o expediente que pôde para ganhar a eleição, e não seria de se esperar outra conduta".
"Era uma eleição muito importante e o governo jogou todo o peso. Jogou o que tinha e o que não tinha." Questionado se a liberação de recursos para emendas de parlamentares influiu no resultado da eleição, ele assentiu.
O pefelista chamou a atenção para a presença de emissários do Planalto que foram à Câmara entre o primeiro e o segundo turno da eleição. "Basta olhar a enxurrada de ministros que bateram à Casa nesse período." Walfrido Mares Guia (Turismo), do PTB, Alfredo Nascimento (Transportes), do PL, Márcio Fortes (Cidades), vinculado ao PP, e Hélio Costa (Comunicações), do PMDB, procuraram deputados de seus partidos para pedir votos para Aldo.
Em sua avaliação, o governo poderá dormir tranqüilo, assim como os deputados que estão para serem cassados, embora ressalve que "não se pode prejulgar nada". Para o candidato do PFL, seus colegas optaram por ter na presidência da Casa um presidente alinhado com o Planalto. "É um presidente digno, correto, e só posso desejar-lhe que seja na presidência o que eu gostaria de ser: independente, altivo e autônomo."

Discurso
Em seu discurso no segundo turno, Nonô já apontara a atuação do governo em favor de Aldo. "Não tenho muito a oferecer. Não tenho verba, não tenho ministério, mas muita vontade para trabalhar por esta Casa."
Pela manhã, fez discurso de improviso no qual tentou contemplar todos os segmentos da Câmara. Falou sobre seus 23 anos de mandato, lembrou de sua atuação em defesa das Diretas-Já e, na tentativa de angariar votos do baixo clero, elogiou atitudes do ex-presidente Severino Cavalcanti (PP-PE), que renunciou na semana passada para não ser cassado.
Como no dia anterior, fez questão de dizer que é da oposição. O pefelista frisou que os poderes devem ser independentes, mas lamentou que "há algum tempo, uns têm sido mais independentes do que os outros, e a harmonia não é a tônica entre os poderes".
Ele atacou aqueles que pregam o consenso em nome do governo porque, para ele, "só aqueles que são um pouco descerebrados podem entender que o consenso só se pode fazer dentro do governo".
O candidato da oposição destacou que o Executivo vive um "desgaste monumental" e que a crise se alastrou do Planalto para a Câmara. Na tentativa de atrair votos do baixo clero e das "viúvas" de Severino, Nonô elogiou o antigo colega de Mesa Diretora.
"Ao presidente Severino, quero dizer que lhe fui solidário, embora divergente nas idéias", declarou, adiantando que pretende dar continuidade a uma das iniciativas de Severino que alegraram o baixo clero: a distribuição de viagens ao exterior.
(CHICO DE GOIS)


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