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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ DIA DA CAÇA
Apesar de criticar "jogo pesado" pró-Aldo, Nonô diz ser vitorioso por disputa ter sido acirrada; para ele, liberação de recursos influiu no resultado
Pefelista culpa Planalto por sua derrota
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O candidato da oposição, José
Thomaz Nonô (PFL-AL), atribuiu
sua derrota à atuação do Palácio
do Planalto em favor de Aldo Rebelo (PC do B), mas avaliou que,
apesar de não ter vencido a disputa, considerava-se vitorioso.
"Foi uma candidatura de um
grupo menor contra todo o poderio do governo, contra toda a máquina do governo, e perder uma
eleição por uma margem tão pequena (15 votos), muito me gratifica." Para ele, "as análises de
amanhã [hoje] serão claras sobre
o que aconteceu [na Câmara]".
Nonô disse que "o Palácio jogou
pesado" e que "o governo utilizou
de todo o expediente que pôde
para ganhar a eleição, e não seria
de se esperar outra conduta".
"Era uma eleição muito importante e o governo jogou todo o peso. Jogou o que tinha e o que não
tinha." Questionado se a liberação de recursos para emendas de
parlamentares influiu no resultado da eleição, ele assentiu.
O pefelista chamou a atenção
para a presença de emissários do
Planalto que foram à Câmara entre o primeiro e o segundo turno
da eleição. "Basta olhar a enxurrada de ministros que bateram à Casa nesse período." Walfrido Mares Guia (Turismo), do PTB, Alfredo Nascimento (Transportes),
do PL, Márcio Fortes (Cidades),
vinculado ao PP, e Hélio Costa
(Comunicações), do PMDB, procuraram deputados de seus partidos para pedir votos para Aldo.
Em sua avaliação, o governo poderá dormir tranqüilo, assim como os deputados que estão para
serem cassados, embora ressalve
que "não se pode prejulgar nada".
Para o candidato do PFL, seus colegas optaram por ter na presidência da Casa um presidente alinhado com o Planalto. "É um presidente digno, correto, e só posso
desejar-lhe que seja na presidência o que eu gostaria de ser: independente, altivo e autônomo."
Discurso
Em seu discurso no segundo
turno, Nonô já apontara a atuação
do governo em favor de Aldo.
"Não tenho muito a oferecer. Não
tenho verba, não tenho ministério, mas muita vontade para trabalhar por esta Casa."
Pela manhã, fez discurso de improviso no qual tentou contemplar todos os segmentos da Câmara. Falou sobre seus 23 anos de
mandato, lembrou de sua atuação
em defesa das Diretas-Já e, na tentativa de angariar votos do baixo
clero, elogiou atitudes do ex-presidente Severino Cavalcanti (PP-PE), que renunciou na semana
passada para não ser cassado.
Como no dia anterior, fez questão de dizer que é da oposição. O
pefelista frisou que os poderes devem ser independentes, mas lamentou que "há algum tempo,
uns têm sido mais independentes
do que os outros, e a harmonia
não é a tônica entre os poderes".
Ele atacou aqueles que pregam
o consenso em nome do governo
porque, para ele, "só aqueles que
são um pouco descerebrados podem entender que o consenso só
se pode fazer dentro do governo".
O candidato da oposição destacou que o Executivo vive um
"desgaste monumental" e que a
crise se alastrou do Planalto para a
Câmara. Na tentativa de atrair votos do baixo clero e das "viúvas"
de Severino, Nonô elogiou o antigo colega de Mesa Diretora.
"Ao presidente Severino, quero
dizer que lhe fui solidário, embora
divergente nas idéias", declarou,
adiantando que pretende dar
continuidade a uma das iniciativas de Severino que alegraram o
baixo clero: a distribuição de viagens ao exterior.
(CHICO DE GOIS)
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