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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ FISCO
Devassa feita nas declarações do presidente do BC mostram quantia a ser restituída
Meirelles tem R$ 148 mil em imposto a receber, vê Receita
SHEILA D"AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A devassa feita pelos técnicos da
Receita Federal nas declarações
de Imposto de Renda do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, concluiu que ele
tem direito a uma restituição de
R$ 148.559,44. O resultado de dez
meses de trabalho dos auditores e
mais de 1.000 páginas de documentos foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal e ao Ministério Público (MP).
Meirelles já entrou com pedido
junto à Receita para receber o dinheiro. Ainda está em fase de conclusão a análise nas declarações
das empresas em nome do presidente do BC.
A restituição da pessoa física é
referente à declaração de renda do
ano de 2002 e as auditorias foram
realizadas a partir de um pedido
de investigação da movimentação
financeira de Meirelles, feito pelo
ex-procurador geral da República
Cláudio Fontelles. O ex-procurador levantou suspeitas de crimes
de evasão de divisas, sonegação
fiscal e lavagem de dinheiro que
estão sendo avaliadas pelo STF.
Segundo a Folha apurou, a restituição é fruto de três operações
específicas, que constaram da declaração retificadora feita por
Meirelles em 2003, quando já estava no comando do banco.
Em duas dessas operações, aplicações em Certificados de Depósitos Bancários (CDB's) realizadas no exterior, Meirelles teria
calculado o imposto a pagar com
base numa alíquota maior
(27,5%) do que a devida (15%). A
diferença na tributação gerou um
ganho de R$ 192.414,49 para Meirelles, sendo R$ 37.645 numa operação e R$ 154.770,49, na outra.
No entanto o presidente do BC
também teve imposto a pagar no
total de R$ 43.811,50. Isso porque,
a auditoria dos técnicos da Receita considerou que Meirelles deveria ter pago imposto por conta de
uma restituição que ele recebeu
do fisco norte-americano, no período em que estava morando em
Boston (EUA). Por isso, o valor final a restituir foi reduzido.
Situação das empresas
Há ainda outra investigação nas
empresas Silvânia Ltda, Silvânia 1
e Silvânia 2 que está na fase final.
Ao analisar as declarações referentes a 2002, período pedido pelo procurador, os técnicos da Receita concluíram inicialmente que
o presidente do BC teria que pagar R$ 557.517,23 de imposto.
Esse valor referia-se a receitas
obtidas por uma das empresas a
título de taxa de administração, já
que era a responsável pelos pagamentos pessoais em nome de
Meirelles, no Brasil.
Os advogados de Meirelles, porém, apresentaram à Receita a documentação referente ao imposto, que teria sido recolhido no ano
seguinte, com pagamento de juros, multas e correções.
Como morava fora do Brasil,
Meirelles teria utilizado a Silvânia
Ltda (empresa no país e controlada pelas Silvânia 1 e 2, no exterior)
para realizar seus pagamentos
pessoais. Por orientação dos advogados, ele pagava para a empresa taxa de administração de 2%
sobre o valor movimentado.
No entanto o acerto dessa taxa
só foi feito quando ele retornou ao
país e encerrou o contrato para
administração das suas despesas.
Segundo fontes ouvidas pela Folha, o acerto de contas foi fiscalizado por uma empresa de auditoria internacional que recomendou a quitação da dívida com as
devidas correções e multas.
O problema é que como a investigação da Receita foi referente
apenas ao ano de 2002, a auditoria
não tinha conhecimento do acerto feito em 2003.
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