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TODA MÍDIA
Nelson de Sá
Apertada
Até os instantes finais,
poucos arriscavam palpite
na cobertura de televisão, rádio
e internet. Franklin Martins, na
CBN, já à noite:
- Não dá para arriscar nada.
Vamos ter eleição novamente
muito apertada.
Já nos blogs, mal terminou o
primeiro turno e lá estavam as
apostas.
No UOL, Fernando Rodrigues
reproduzia frase do líder do PP
severinista, com o apoio a Aldo
Rebelo, e avaliava:
- É a tendência da maioria
dos votos pulverizados do baixo
clero.
Jorge Bastos Moreno, minutos
depois no site Globo Online,
postava mensagem com longo
título e maior risco:
- Aldo é o favorito. Aliás, já é
virtualmente o novo presidente
da Câmara.
O Blog do Cesar Maia, que está
nas mensagens finais -ele que
anunciou o fim do blog para
amanhã- mantinha a esperança e a campanha por José Thomaz Nonô.
No fim, deu Aldo mesmo. No
dizer da Globo, em "plantão",
anunciando o resultado após a
apuração voto a voto nos canais
de notícias e rádios:
- O ex-ministro Aldo Rebelo,
do PCdoB, foi eleito o presidente
da Câmara. A disputa foi muito
apertada. Aldo já avisou que vai
reunir os líderes para limpar a
pauta e depois votar a reforma
eleitoral.
Manchete da Folha Online, no
fim da contagem:
- Governo consegue vitória e
elege Aldo.
Manchete do site da estatal
Radiobrás:
- Aldo se elege presidente da
Câmara.
DOR NO PEITO
Reprodução
![](../images/n2909200502.jpg) |
A mãe de Jean Charles de Menezes, entrevistada pela BBC, em Londres |
Destaque por todo lado em Londres, dos tablóides
"Daily Mail" e "Independent" ao site do "Guardian", a
visita da mãe de Jean Charles de Menezes, assassinado
pela polícia em julho, acabou por emocionar a BBC, a
principal emissora de televisão.
A narração "em tempo real" abriu com a "mãe de luto
que deposita flores em memória de seu filho morto",
mas tem "o som de sua revolta coberto pelo barulho dos
helicópteros da imprensa". As imagens traziam a revolta
gestual da mãe, sua emoção na plataforma em que o filho
foi morto e até a contagem das câmeras fixas que não
gravaram, supostamente, a cena:
- One, two, three, four, five...
Daí para o brado de outros familiares, em português:
- Justiça! Justiça! Justiça!
Era a voz que importava, mais do que a tradução que a
seguia, e por fim, com a mãe no carro, ouviu-se de novo o
português na BBC, entre soluços:
- Uma dor no peito, nada vai tirar essa dor, nada... O
chefe de polícia também, ele também tem culpa.
Ela pediu a cabeça de Sir Ian Blair, uma vez mais.
Lá como cá
Enquanto em Brasília a
Câmara escolhia um novo
presidente, em Washington a
Câmara protagoniza um novo
escândalo.
Foi a "big story", a principal
notícia, em uma cobertura toda
polarizada.
Assim, para o canal Fox News,
que é pró-republicano, o líder
republicano, "acusado em um
esquema de financiamento de
campanha", saiu da liderança
"temporariamente".
Ainda na escalada, "DeLay
reagiu chamando o procurador
de democrata fanático que fez
um indiciamento sem base por
política".
Já para o blog The Huffington
Post, pró-democrata e hoje o de
maior repercussão nos EUA, em
manchete:
- Fim da estrada para DeLay.
O contraste é o mesmo pela
cobertura toda, da CNN ao
Drudge Report.
Em destaque no site do liberal
"New York Times", "DeLay foi
acusado pelo júri texano de
conspiração criminosa em um
esquema de fundos eleitorais".
Já no site do "Washington Post",
hoje próximo dos republicanos,
"o líder da maioria vai se afastar
temporariamente".
No enunciado do "Financial
Times", liberal, "Republicanos
em confusão após indiciamento
de DeLay". Já no site do "Wall
Street Journal", conservador,
"DeLay foi indiciado, chamou o
promotor de fanático e disse que
não fez nada errado".
Mas também por lá, ao menos
no "Washington Post", se seguia
atentamente a crise e a disputa
em Brasília.
A exemplo do "FT", o "WP"
avaliava que um oposicionista
"poderia afetar a sobrevivência"
do governo.
Em meio aos elogios de praxe
à política econômica e citando
cientistas políticos aqui e ali, o
jornal ouviu cidadãos comuns,
não faltando quem anunciasse o
voto em Lula.
O próprio "WP" sublinhou,
ele que não esconde a simpatia,
que "o presidente Lula não foi
vinculado aos escândalos de
corrupção".
E não faltou repercussão nos
blogs, mecanismo que os sites
de jornais vêm incorporando,
pelo mundo.
O blogueiro Boz, voltado à
América Latina, em comentário
à reportagem, ressalvou que,
"embora Lula esteja levando
apenas um golpe de raspão, seu
partido se dividiu e perdeu a
confiança popular".
@ - nelsondesa@folhasp.com.br
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