São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 2005

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CASO MALUF

Médicos descartam infarto e família reclama de liberação "precoce" do ex-prefeito, após 24 horas internado

Maluf tem alta e retorna para cela na PF

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Após permanecer 24 horas internado no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas, o ex-prefeito Paulo Maluf (PP) regressou ontem à carceragem da Polícia Federal em São Paulo, onde ele e o filho Flávio dividem uma cela desde o dia 10.
Maluf havia sido internado com dores no peito. No Incor, após um exame de cateterismo, os médicos descartaram a possibilidade de infarto. O exame, no entanto, indicou a existência de artérias coronárias dilatadas e tortuosas.
O tratamento para este quadro clínico, segundo a equipe médica, é feito por meio de medicamentos. Além das pílulas que Maluf toma diariamente -aspirina infantil para afinar o sangue, Lipitor e Ezetrol para diminuir o colesterol, pastilhas de vitamina E e de Selênio e cápsulas de alho-, os médicos acrescentaram o Clopidogrel (também para afinar o sangue) e o Omeprazol (para a dor estomacal).
Segundo a equipe médica do Incor, o ex-prefeito recebeu alta hospitalar ontem, às 11h, porque está bem de saúde e não apresentou qualquer problema durante a noite. Não houve interferência judicial para que o ex-prefeito voltasse à carceragem.
Ainda ontem pela manhã, Maluf não quis se submeter a um exame de endoscopia gástrica para tentar diagnosticar as dores no estômago -apesar de uma recomendação médica.
O ex-prefeito alegou cansaço e, como o exame não era prioridade no tratamento, mas sim o coração, Maluf foi liberado e deixou o hospital. O tempo de recuperação de um exame de cateterismo é de no mínimo 24 horas.
O ex-prefeito retornou para a mesma cela de aproximadamente 12 metros quadrados que dividia com o filho Flávio, no 3º andar do prédio da sede da PF.
Na mesma cela dos Maluf está detido um homem de nacionalidade turca, que foi preso no Aeroporto Internacional de São Paulo. Os três têm curso superior. O libanês que estava detido com os Maluf deixou a carceragem da PF na noite anterior à transferência de Maluf para o hospital.
Agentes da Polícia Federal informaram ontem que o ex-prefeito aparentava estar bem disposto, após a volta do Incor. Disseram que Maluf, com o sorriso característico, cumprimentou as pessoas que encontrou.

Preocupação
A assessoria do ex-prefeito divulgou nota ontem informando que a família está preocupada com o estado de saúde de Maluf.
"O ex-prefeito de São Paulo continua sofrendo dores muito fortes. Paulo Maluf não deveria ter saído do hospital onde estava antes de exames mais apurados, durante 48 horas, pelo menos, como manda a lei e conforme vários especialistas se manifestaram nos jornais de hoje", escreveu o assessor de imprensa de Maluf, Adilson Laranjeira.
A equipe médica, no entanto, informou que, desde a noite de segunda-feira, quando o ex-prefeito sentiu as primeira dores, ele passou por todos os exames necessários para a prevenção de doenças coronarianas. Os médicos informaram ainda que a alta hospitalar foi dada porque o paciente encontrava-se bem.
A juíza da 2ª Vara Federal, Sílvia Maria Rocha, deverá analisar hoje o pedido de revogação da prisão de Maluf e de Flávio. O pedido foi feito por advogados dos Maluf, que sustentam que seus clientes têm o direito de responder à ação em liberdade. A Procuradoria da República se manifestou de forma contrária à revogação.


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