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PF aposta em parceria com Nações Unidas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um programa do governo federal em parceria com a Undcp (entidade da Organização das Nações Unidas para o combate as
drogas) é a aposta da Polícia Federal para tornar eficaz o controle
dos produtos químicos no Brasil.
Orçado em US$ 9 milhões, dos
quais US$ 8 milhões sairão dos
cofres públicos, o projeto prevê a
instalação, na rede informatizada
da Polícia Federal, de um software
que permite o cruzamento de dados com outras entidades, como a
Receita Federal, para detectar
possíveis desvios.
Outra parte do programa prevê
a compra de equipamentos de
análises químicas da droga
apreendida, permitindo chegar
ao chamado "DNA da droga", segundo o jargão policial.
A pressão sobre o Brasil para
ampliar o número de produtos
controlados é grande em encontros e organismos internacionais,
conta o delegado Anísio Vieira.
Os países vizinhos reclamam de
estarem controlando bem mais o
desvio de químicos que o Brasil. A
Bolívia faz restrições a 43 produtos. A Colômbia, 29, incluindo cimento e derivados de petróleo, já
detectados na composição da cocaína apreendida ali. No Peru, são
19 os produtos sob vigilância.
Um grupo de trabalho da PF
com a Vigilância Sanitária está
elaborando uma proposta que aumenta para 25 o número de substâncias controladas. A proposta,
apesar de não enfrentar resistência clara, é vista com cautela pela
indústria brasileira.
"Nós somos favoráveis ao controle e queremos colaborar. A indústria química não quer, em nenhuma hipótese, ter seu nome associado ao tráfico. Mas não se pode estabelecer um mecanismo
que atrapalhe a nossa atividade
comercial", afirma Marcelo Cós,
gerente técnico da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria
Química). "Os outros países controlam muitos produtos que eles
nem mesmo produzem. Assim é
bem mais fácil", afirma Cós.
O argumento da Abiquim é o
mesmo dos grandes produtores
de químicos contra o aumento do
controle no mundo. Ironicamente, os países que mais produzem e
fornecem químicos para o narcotráfico são também os maiores
consumidores.
Para o analista da ONG Transnational Institute, que está baseada em Londres e se dedica ao assunto, essa contradição não tem
solução. "Eu acho que o controle
dos químicos nunca vai funcionar. É um assunto muito complexo e envolve muitos negócios que
dão lucro", afirma. Para ele, o
controle dos químicos é uma política "fútil" que só vai servir para
criar mais um mercado ilegal.
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