São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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ELEITORADO
Governistas estão na frente, mas oposição pode dar o troco em 29 cidades onde concorre
Hegemonia em grandes centros é alvo de partidos

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Está em jogo hoje nas disputas das prefeituras em 31 cidades a busca da hegemonia nos grandes centros do país. Tudo indica que nenhum partido sairá com posição muito superior aos demais.
Os principais centros urbanos do Brasil têm hoje um eleitorado de 36,4 milhões, o equivalente a 33,14% do total do país. São as 62 cidades mais importantes -os 36 municípios com mais de 200 mil eleitores e as 26 capitais que tiveram eleição para prefeito. Brasília só tem governador.
Em 31 cidades desses grandes centros, a eleição foi decidida no primeiro turno. Hoje, outros 31 municípios finalizam a disputa em segundo turno.
Até agora, os partidos governistas estão na frente. Venceram em 10 das 31 cidades em que houve definição no primeiro turno.
A oposição pode dar o troco hoje. Está presente nas disputas em 29 cidades.
Por enquanto, há um grande desequilíbrio a favor dos governistas nas 62 cidades mais importantes: governam 44 municípios contra 18 da oposição.
O partido com chances de obter o maior crescimento é o PT. Disputa em 16 das 31 cidades em que há segundo turno. Nas contas dos dirigentes petistas, a sigla deve conseguir vitória em metade dessas localidades.
Mas mesmo que conseguisse ganhar em todas as 16 cidades no dia de hoje, o PT contaria com apenas 20 das 62 cidades mais importantes. Seria uma grande vitória, mas não seria possível dizer que o partido é majoritário nos grandes centros.
O mesmo vale para os partidos governistas. O PSDB está fora da disputa das três principais capitais (São Paulo, Rio e Belo Horizonte), mas já ganhou em nove localidades. Hoje concorre em outras oito. No total, pode chegar a ter 17 dos 62 municípios mais importantes.
O PMDB tem seis cidades garantidas e pode chegar hoje a 11, pois disputa em cinco. O PFL já venceu em três e pode ir a 12.

Hegemonia
O favoritismo do PT em São Paulo pode dar ao partido uma certa hegemonia em termos de eleitorado que será governado pela sigla.
As quatro cidades já conquistadas no primeiro turno, somadas às 16 que os petistas disputam hoje, têm um eleitorado total de 16,1 milhões -o equivalente a 44,1% do total dos 62 municípios mais importantes.
O maior peso dessa conta é São Paulo, com seus 7,1 milhões de eleitores.
O PSDB, mesmo que conquiste 17 prefeituras, estará governando um eleitorado total bem menor: apenas 6,3 milhões ou 17,4% do total das localidades mais importantes. Essa é uma demonstração de que os tucanos, mesmo nos grandes centros, estão confinados a cidades de porte médio.

Prenúncio
A última vez que uma eleição municipal no país foi um prenúncio de mudança mais adiante foi em 1974. Vigorava o bipartidarismo. A Arena dava apoio ao governo militar. O MDB era a oposição consentida.
À época, as cidades mais importantes do país eram as 90 com mais de 100 mil habitantes (as capitais não tinham eleição direta). O MDB venceu em 79 desses 90 municípios.
Na eleição de 2000, por diversas razões, nenhuma sigla conseguirá uma vitória tão expressiva como a do MDB em 74.


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