São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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RECIFE
Segundo Pesquisa Datafolha de ontem, Roberto Magalhães está com 51% dos votos, e João Paulo tem 49%; segundo turno foi marcado por troca de acusações e por uma greve da PM
Prefeito e petista chegam empatados

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

KENNEDY ALENCAR
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE

Roberto Magalhães (PFL) e João Paulo (PT) chegam empatados tecnicamente à véspera da votação em Recife, aponta pesquisa Datafolha realizada ontem. Magalhães, atual prefeito, está com 51% dos votos. João Paulo tem 49%. Esses percentuais são os mesmos de 24 de outubro.
O debate de anteontem foi assistido por 48% dos entrevistados. Para a maioria dos que assistiram (55%), Magalhães venceu. Mais de um terço (36%) apontou a vitória do petista.
O segundo turno foi o mais agitado do país. Desde a disputa ideológica acirrada entre PFL e PT a uma greve da Polícia Militar que virou tema de campanha.
A capital pernambucana enfrenta há 11 dias a paralisação dos policiais e conta hoje com proteção de tropas federais. Teve a propaganda eleitoral tirada do ar por 24 horas. Comícios, carreatas e caminhadas foram proibidos nos últimos dois dias em que eram permitidos.
Magalhães, candidato à reeleição, quase se elegeu no primeiro turno, com 49,42% dos votos válidos. João Paulo (35,62% dos válidos no primeiro turno) subiu na reta final da primeira fase, passou a liderar com folga na segunda fase, mas caiu e chegou à reta final empatado tecnicamente.
A paralisação dos PMs dominou os últimos debates de TV e as propagandas. A propaganda eleitoral de Magalhães associou o PT a greves, badernas e caos, repetindo uma estratégia usada por adversários dos petistas no país.
João Paulo acusou o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), que apóia Roberto Magalhães, de colocar a culpa da greve no PT. O petista declarou apoiar a reivindicação salarial dos PMs, mas julgou a greve "inoportuna", numa tentativa de se dissociar da greve.
Curiosidade: no primeiro turno, o prefeito dizia que, no governo do PT (referia-se à gestão Arraes, apoiada pelos petistas), havia greve até na polícia. Ironicamente, a paralisação ocorreu numa administração apoiada por ele. PMDB e PFL são aliados na eleição.
A propaganda do PT acusou Magalhães de "mentor da ditadura", citando o início da carreira política do atual prefeito no regime militar. E bateu na tecla de que o partido dele, o PFL, esteve em grandes escândalos nacionais. Foi mencionada a participação de pefelistas no caso da compra de votos da reeleição e a cassação de Hildebrando Paschoal.
Magalhães usou o bordão "Recife não pode ter um prefeito do contra", em alusão à sua aliança com o governador peemedebista, e tentou carimbar o petista como "despreparado para administrar uma cidade que gera 43% da receita de Pernambuco".


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