São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SÃO PAULO
Candidata petista avalia como "vitoriosa" sua participação no último debate; seu rival, o pepebista Paulo Maluf, acredita que conseguiu virar as intenções de voto a seu favor
Marta critica palavrão de Lula em Pelotas

LILIAN CHRISTOFOLETTI
SANDRA BRASIL

DA REPORTAGEM LOCAL

A candidata do PT à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, definiu como "de mau gosto e infeliz" o comentário preconceituoso que o líder nacional do partido Luiz Inácio Lula da Silva fez sobre Pelotas (RS). Lula afirmou que a cidade é "exportadora de veados" em uma gravação de TV.
No programa eleitoral de Pelotas, na última quinta-feira, o PPB usou as declarações de Lula, na tentativa de atingir o candidato petista à prefeitura da cidade.
Mas, na sexta, o Tribunal Regional Eleitoral gaúcho proibiu a veiculação dessas imagens no último programa de TV transmitido.
Marta afirmou que desconhece o contexto da frase, mas criticou mesmo assim."Espero que tenha sido uma brincadeira e, mesmo sendo brincadeira, eu não faria", afirmou a candidata durante entrevista coletiva após o debate com o adversário, Paulo Maluf (PPB), na TV Globo, anteontem.
Maluf também usou a imagem de Lula falando sobre Pelotas com o candidato petista à prefeitura da cidade, Fernando Marroni, no último programa eleitoral da TV.
O PT de São Paulo entrou com pedido de direito de resposta, que foi negado, segundo o partido.
"Os homens públicos, quando fazem uma declaração pública, essa declaração pode ser usada. Ninguém pode reclamar", disse Maluf depois do debate. Ele negou saber que a imagem seria utilizada no seu último programa eleitoral, na noite de sexta-feira.
Os dois candidatos deixaram o estúdio fazendo avaliações positivas de suas atuações, apesar de terem demonstrado nervosismo. Marta disse que saiu "vitoriosa". Para Maluf, ele conseguiu "virar" as intenções de voto a seu favor.
"A população viu que votar na dona Marta é uma temeridade. Relembrei as patifarias do PT e respondi a todas as perguntas. Vou ganhar e evitar que o PT seja o algoz mais uma vez", disse Maluf, referindo-se à gestão petista em São Paulo, com Luiza Erundina (89-92), hoje no PSB.
De tailler pêssego, decotado, Marta avaliou que o seu ponto alto no debate aconteceu quando ela explicou "de forma didática" o projeto de lei de sua autoria que previa a redução de pena para presos por crimes comuns que estudassem. A candidata chegou a dizer que "ladrão de galinha" se beneficiaria com o projeto.
Apesar de não ter respondido, no debate, por que o PT defendeu a libertação dos sequestradores do empresário Abílio Diniz em 1999, Marta falou do assunto na entrevista. No debate, Maluf fez a mesma pergunta três vezes.
"Como eles já tinham cumprido a sua pena, tinham direito à liberdade condicional, que não estava sendo cumprida", afirmou ela.
"A gente não pode sentar na cadeira antes de abrir a urna, mas posso dizer que me sinto extremamente confortável com a vantagem que já tinha", afirmou.
Apesar dos tratamentos irônicos de "dona Marta" e de "seu Maluf", não houve momentos de calorosos enfrentamentos.
A ausência da platéia no estúdio contribuiu para que o debate fosse frio. No debate anterior, na TV Bandeirantes, correligionários e assessores participavam aplaudindo e vaiando como se estivessem num programa de auditório.
Segundo a Polícia Militar, cerca de mil pessoas estavam do lado de fora dos estúdios. Ainda segundo a PM, a maioria, cerca de 600, era de simpatizantes da petista.
Os dois candidatos encerraram a noite de sexta comemorando com suas respectivas comitivas o debate e o fim dos programas eleitorais. Marta foi a um restaurante na Vila Madalena. Maluf seguiu para a produtora responsável pelos seus programas, onde participou de uma confraternização.


Texto Anterior: Goiânia: Petista agrega apoio de candidatos derrotados no primeiro turno
Próximo Texto: Petista recebe prefeito de Buenos Aires
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.