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BELO HORIZONTE
João Leite (PSDB) tem 43% das intenções na última pesquisa; só 27% dos
entrevistados acompanharam último debate na TV; maioria acha que prefeito se saiu melhor
Célio lidera com 57% dos votos válidos
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O prefeito Célio de Castro (PSB)
lidera a disputa em Belo Horizonte, com 57% dos votos válidos,
contra 43% do deputado estadual
João Leite (PSDB), revela pesquisa Datafolha feita ontem.
Pouco mais de um quarto dos
eleitores (27%) acompanhou o
debate entre os dois candidatos
anteontem à noite. A maior parte
dos entrevistados (46%) afirmou
que Célio teve melhor desempenho, contra 36% que preferiram a
atuação do tucano.
Célio espera ganhar hoje o "visto" do eleitorado para permanecer por mais quatro anos na prefeitura da capital, o que totalizaria
12 anos ininterruptos, contando
com os quatro anos em que foi vice-prefeito na gestão do PT. Seu
adversário, por sua vez, prega a
necessidade de "renovação".
O 1,57 milhão de eleitores de Belo Horizonte, a terceira capital do
país em importância econômica,
presenciaram uma campanha em
que os ânimos estiveram acirrados todo o tempo, com ataques e
acusações mútuas. Acompanharam uma disputa entre um representante da esquerda e outro que,
para a oposição, encarna o governo Fernando Henrique Cardoso.
A "devastação social" foi o termo mais usado por Célio para criticar a política econômica praticada pelo governo federal. Ele tentou convencer o eleitor de que os
reflexos dessa política são danosos para as cidades. O prefeito se
aproveitou disso para também
justificar algumas dificuldades
durante a sua gestão, como nas
áreas da saúde e da segurança.
Por outro lado, Leite assumiu
com mais clareza no segundo turno que é um aliado do governo federal e tentou se beneficiar disso.
Ele criticou com dureza a administração municipal e insistiu no
"isolamento político" de Célio.
O coro do distanciamento político do prefeito com Brasília e os
danos que isso representaria para
a cidade foi engrossado por tucanos de expressão nacional, como
o ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) e o líder do partido
na Câmara dos Deputados, Aécio
Neves. Eles participaram ativamente da campanha do partido.
Foi com esse discurso que Leite
atraiu toda a centro-direita no segundo turno. O prefeito não ampliou a sua base partidária. Ele obteve apoios de dissidentes dos
partidos e de setores da sociedade
civil, o que foi definido pelo prefeito do PSB como uma vitória da
"democracia direta". Teve dificuldades com seu aliado Itamar
Franco, governador do Estado,
que evitou apoio direto durante a
maior parte do segundo turno.
"A nossa candidatura representa a garantia de uma administração popular e democrática, a continuidade de programas com totais interesses sociais", disse o
prefeito, que tem como âncora
para o seu eventual novo governo
diversas propostas administrativas dos petistas, que o apóiam.
Já Leite diz que a sua candidatura significa a volta do desenvolvimento da cidade. "Essa renovação é fundamental. É impossível
uma cidade como Belo Horizonte
continuar isolada de tudo e todos,
com todo esse rancor", afirmou.
Inferiorizado nas pesquisas,
Leite manteve sempre o otimismo. Independentemente de ser
ou não o vencedor, a avaliação no
PSDB é que o partido, mesmo
sendo alvo de críticas pelo fato de
estar no comando do governo federal, sai fortalecido para 2002 e
ganha uma nova liderança, João
Leite.
"Com qualquer resultado, o
PSDB continua forte em Belo Horizonte", disse o deputado Aécio
Neves.
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