São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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BELO HORIZONTE
João Leite (PSDB) tem 43% das intenções na última pesquisa; só 27% dos entrevistados acompanharam último debate na TV; maioria acha que prefeito se saiu melhor
Célio lidera com 57% dos votos válidos

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O prefeito Célio de Castro (PSB) lidera a disputa em Belo Horizonte, com 57% dos votos válidos, contra 43% do deputado estadual João Leite (PSDB), revela pesquisa Datafolha feita ontem.
Pouco mais de um quarto dos eleitores (27%) acompanhou o debate entre os dois candidatos anteontem à noite. A maior parte dos entrevistados (46%) afirmou que Célio teve melhor desempenho, contra 36% que preferiram a atuação do tucano.
Célio espera ganhar hoje o "visto" do eleitorado para permanecer por mais quatro anos na prefeitura da capital, o que totalizaria 12 anos ininterruptos, contando com os quatro anos em que foi vice-prefeito na gestão do PT. Seu adversário, por sua vez, prega a necessidade de "renovação".
O 1,57 milhão de eleitores de Belo Horizonte, a terceira capital do país em importância econômica, presenciaram uma campanha em que os ânimos estiveram acirrados todo o tempo, com ataques e acusações mútuas. Acompanharam uma disputa entre um representante da esquerda e outro que, para a oposição, encarna o governo Fernando Henrique Cardoso.
A "devastação social" foi o termo mais usado por Célio para criticar a política econômica praticada pelo governo federal. Ele tentou convencer o eleitor de que os reflexos dessa política são danosos para as cidades. O prefeito se aproveitou disso para também justificar algumas dificuldades durante a sua gestão, como nas áreas da saúde e da segurança.
Por outro lado, Leite assumiu com mais clareza no segundo turno que é um aliado do governo federal e tentou se beneficiar disso. Ele criticou com dureza a administração municipal e insistiu no "isolamento político" de Célio.
O coro do distanciamento político do prefeito com Brasília e os danos que isso representaria para a cidade foi engrossado por tucanos de expressão nacional, como o ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) e o líder do partido na Câmara dos Deputados, Aécio Neves. Eles participaram ativamente da campanha do partido.
Foi com esse discurso que Leite atraiu toda a centro-direita no segundo turno. O prefeito não ampliou a sua base partidária. Ele obteve apoios de dissidentes dos partidos e de setores da sociedade civil, o que foi definido pelo prefeito do PSB como uma vitória da "democracia direta". Teve dificuldades com seu aliado Itamar Franco, governador do Estado, que evitou apoio direto durante a maior parte do segundo turno.
"A nossa candidatura representa a garantia de uma administração popular e democrática, a continuidade de programas com totais interesses sociais", disse o prefeito, que tem como âncora para o seu eventual novo governo diversas propostas administrativas dos petistas, que o apóiam.
Já Leite diz que a sua candidatura significa a volta do desenvolvimento da cidade. "Essa renovação é fundamental. É impossível uma cidade como Belo Horizonte continuar isolada de tudo e todos, com todo esse rancor", afirmou.
Inferiorizado nas pesquisas, Leite manteve sempre o otimismo. Independentemente de ser ou não o vencedor, a avaliação no PSDB é que o partido, mesmo sendo alvo de críticas pelo fato de estar no comando do governo federal, sai fortalecido para 2002 e ganha uma nova liderança, João Leite.
"Com qualquer resultado, o PSDB continua forte em Belo Horizonte", disse o deputado Aécio Neves.


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