São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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PORTO ALEGRE
Vitória dará a quarta gestão municipal consecutiva do PT na capital gaúcha; petista está com 70% dos votos válidos em pesquisa Datafolha de ontem; Collares tem 30%
Genro está próximo de segundo mandato

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
LÉO GERCHMANN

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Tarso Genro (PT) está próximo de obter seu segundo mandato para a Prefeitura de Porto Alegre, o quarto consecutivo do partido na capital do Rio Grande do Sul.
Genro está com 70% dos votos válidos, indica pesquisa Datafolha concluída ontem. Seu adversário, Alceu Collares (PDT), aparece com 30% dos votos válidos.
O petista foi considerado vencedor do debate realizado anteontem por 71% dos entrevistados -17% apontaram Collares. Assistiram ao debate, 42% do entrevistados.
A campanha do segundo turno foi marcada por divergências de propostas e por táticas distintas relacionadas ao passado político dos candidatos Tarso Genro (PT) e Alceu Collares (PDT), já que ambos ocuparam a prefeitura.
O petista foi prefeito de 93 a 96 e o pedetista de 86 a 88, em um mandato de três anos, devido à circunstância política da época de redemocratização do país.
Enquanto o petista comparou práticas administrativas do passado, Collares evitou medir forças diretamente -embora sempre tenha afirmado que, em menos tempo de gestão, fez "mais obras que o PT em 12 anos", referindo-se aos três mandatos seguidos.
Tarso definia o argumento como "falacioso" e apresentava números da "superioridade no volume de obras petistas".
Já as divergências sobre propostas foram marcantes. O pedetista acusou o PT de descuidar da segurança pública, "lavando a mão no sangue dos inocentes", em alusão a dois recentes homicídios cometidos durante assaltos.
Tarso negou, dizendo que o pedetista explorava o infortúnio das vítimas. Em defesa do seu partido, que governa o Estado, disse que a Brigada Militar (a PM gaúcha) está sendo aperfeiçoada.
Na educação, Tarso defendeu o ensino por ciclos, que, segundo ele, praticamente eliminou a evasão e a repetência. Para Collares, fora do ensino por séries (que promete restabelecer se eleito), as crianças são aprovadas sem aprender. Collares também prometeu retomar o sistema de atendimento integral, em que a criança passa o dia na escola e faz cinco refeições.

"Frente ampla"
A eleição de hoje em Porto Alegre projeta, para o PT, a possibilidade de o partido garantir a presença no poder por quatro mandatos seguidos. Já o PDT luta contra o "continuísmo" na administração municipal.
Collares se aliou a partidos como PSDB, PFL, PPB e PMDB, derrotados no primeiro turno. Com a formação da "Frente Ampla", Collares passou a pedir o voto "na oposição" para derrotar a "ditadura do PT".
Em 1º de outubro, Tarso teve 48,72% dos votos (381.117), e Collares, 20,07% (157.015). Já nessa ocasião, Collares se definia como "candidato anti-PT".
A candidatura de Collares provocou a ruptura da aliança que o PDT tinha com o PT no governo estadual de Olívio Dutra. Muitos integrantes do partido não aceitaram e abandonaram o partido.
Uma vitória de Tarso representaria a reafirmação da principal bandeira política do PT: a participação popular por meio do orçamento participativo.
Para Collares, o combate à violência sempre esteve entre suas principais propostas.
O candidato do PDT defendeu a criação de uma guarda municipal -com poderes de polícia- para reduzir a criminalidade.


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