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CRIME ORGANIZADO
Núcleo criado no Ministério da Justiça encontra indícios de ligação com deputados cassados
Tráfico internacional tem braço em RO
IRINEU MACHADO
ARI CIPOLA
da Agência Folha
O Núcleo de
Combate à Impunidade, criado pelo
Ministério da Justiça para aprofundar
as investigações da
CPI do Narcotráfico, chegou a um
braço do tráfico internacional de
cocaína que tem o centro operacional em Rondônia.
A chamada "conexão Rondônia" foi descoberta este mês, período em que o núcleo diz ter conseguido provas que confirmariam
as supostas ligações dos ex-deputados Hildebrando Pascoal (AC) e
José Gerardo de Abreu (MA) com
a troca de carretas roubadas por
cocaína boliviana.
A chave da conexão é um advogado que está sendo tratado como
o "homem do pó" e que pode ter
prisão preventiva requerida pela
Procuradoria da República.
Seu nome está sendo mantido
em sigilo. Há cerca 15 dias, a Polícia Federal apreendeu dezenas de
documentos no escritório do "homem do pó" em Rondônia.
Entre os papéis há uma agenda
que está sendo investigada. Nela,
os policiais encontraram prefixos
de aviões que estão tendo seus
proprietários investigados.
A identificação do advogado e
sua suposta ligação com o ex-deputado Gerardo, segundo o núcleo, foi feita no depoimento de
José João Soares, o Jota, prestado
no último dia 21.
"Os novos depoimentos prestados à Justiça Federal não deixam
dúvidas sobre o elo entre Gerardo
e Hildebrando com o tráfico,
além de nos revelar uma nova conexão do Maranhão com Rondônia", afirmou o delegado da Polícia Federal Fernando Durán
Poch, um dos dez integrantes do
núcleo do Ministério da Justiça.
Jota reconheceu o advogado pela foto do passaporte dele,
apreendido pela PF. Até então, Jota, uma das principais testemunhas do envolvimento de Gerardo com o roubo de carretas e tráfico, havia identificado o advogado apenas como "doutor Paulo",
a quem teria entregue uma carreta roubada para ser trocada por
cocaína.
A "conexão Rondônia" levou o
Ministério da Justiça a abrir inquérito especifico para investigar
as relações de Hildebrando com
Gerardo e o tráfico de drogas.
Além de Jota, depôs Carlos Antônio Maia Silva, o Carlinhos, ambos diretamente à Justiça.
Eles vinham se recusando a repetir ao juiz as acusações que haviam feito contra Hildebrando e
Gerardo à polícia. Só concordaram em reafirmar e dar mais detalhes sobre o tráfico de drogas,
segundo Durán, depois que o núcleo incluiu os parentes dos dois
no Programa de Proteção à Testemunha, tirando suas famílias do
local onde viviam.
"Nos novos depoimentos, Jota e
Carlinhos deram detalhes importantíssimos sobre o tráfico internacional de drogas, o que não tinham feito nos anteriores", afirmou o procurador da República
no Maranhão Alexandre Meireles.
Jota está preso acusado de roubar carretas no Maranhão. Carlinhos é condenado pelo assassinato do delegado Stênio Mendonça,
em São Luís (MA), que investigava o roubo de caminhões.
O advogado de Hildebrando
Pascoal, Oscar Luchesi, afirmou
que as afirmações do Núcleo de
Combate à Impunidade do Ministério da Justiça são "lunáticas".
"Cadê o dinheiro? Cadê a droga? Cadê as ligações com os traficantes internacionais? Só tem
bandido acusando o Hildebrando
e o Gerardo", afirmou.
Segundo ele, a inocência de seu
cliente começará a ser pública no
próximo dia 3 de fevereiro, quando começa em Rio Branco (AL) o
julgamento de Hildebrando em
um dos processos em que ele é
acusado de tráfico de drogas.
"Vai ser um megajulgamento
com 53 réus e 265 testemunhas.
Vamos derrubar o sonho que
criaram com tanta calúnia feita
por meia dúzia de pessoas que estão procurando emprego do programa de testemunha."
A Agência Folha não conseguiu
localizar o advogado do ex-deputado Gerardo, Franklin Seba, durante a sexta-feira.
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