São Paulo, sexta-feira, 30 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Revista "Time" inclui Lula entre os cem mais influentes do mundo

Por ser o primeiro citado na categoria, brasileiro foi visto por algumas horas como o líder mais influente, o que gerou controvérsia; publicação diz não haver ranking

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Primeiro citado na categoria líderes, o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou na lista das cem pessoas mais influentes do mundo em 2010 da revista americana "Time", divulgada ontem.
A revista diz não se tratar de ranking, o que no mínimo deixa o brasileiro em posto tão influente quanto o do presidente dos EUA, Barack Obama, quarto mencionado na categoria.
Lula já tinha aparecido na relação em 2004, início da série anual da "Time". Além de líderes, estão na lista as categorias heróis (o primeiro nome é o do ex-presidente americano Bill Clinton), artistas (como a cantora Lady Gaga) e pensadores.
Mais do que uma medida de poder, a escolha de Lula um dos mais influentes reflete a popularidade do presidente ao final de seu mandato e o impacto ao redor do mundo da imagem de "legítimo filho da classe trabalhadora da América Latina", como descreve a "Time".
Analistas consultados pela Folha veem a escolha como algo merecido sobretudo por Lula demonstrar que uma pessoa do povo pode chegar ao poder num país tão desigual.
Mas afirmam que isso não significa influência nas grandes questões políticas internacionais. Apesar da ampliação da presença do Brasil no cenário externo, a influência de Lula não foi suficiente para desembaraçar temas prioritários do Itamaraty como a Rodada Doha e a reforma do Conselho de Segurança da ONU.
A própria "Time" afirma que a lista não se refere aos mais poderosos. "É sobre o poder da influência, indivíduos que, com suas ideias e ações, mudam o mundo, em geral para melhor", disse o editor Richard Stengel.
"Lula certamente é alguém que deixou uma marca", afirmou à Folha Peter Hakim, presidente do "think tank" (centro de estudos) Diálogo Interamericano. "No caso dele, ser [um dos] mais influentes significa ter mais apelo."
Sua posição de semicelebridade fica mais clara quando se vê o autor de sua biografia para a "Time". Em vez de um analista, é Michael Moore, diretor e documentarista crítico do governo e do poder americanos.
Para Moore, Lula é o líder de uma cruzada das classes baixas em busca de tudo o que lhes foi negado no passado. "Enquanto [Lula] tenta levar o Brasil para o Primeiro Mundo com programas como o Fome Zero e planos para melhorar a educação da classe trabalhadora, os EUA se parecem cada dia mais com o Terceiro Mundo."
Apesar de a revista repetir ano a ano que sua lista não diferencia posições, Lula está no topo dos cem nomes enumerados -a categoria "líderes" é a primeira a aparecer no site da "Time"- e foi retratado ontem na mídia internacional como "o líder mais influente do mundo". Indagada pela Folha, a revista disse que uma série de fatores influenciam a ordenação dos nomes da lista, de fotos a quem escreveu o perfil.
O chanceler Celso Amorim chegou a dizer que Lula estar na primeira colocação não surpreende. Dilma Rousseff, pré-candidata do PT, também afirmou que a escolha é "um prêmio a todos os brasileiros".
A afirmação foi feita ontem na Agrishow, feira agrícola em Ribeirão. No mesmo evento, Serra parabenizou o presidente. "O mundo tem uns 200 países, e ele estar nesse grupo de 25 principais personagens é uma conquista." Os elogios vieram também de Marina Silva, pré-candidata do PV. "Não é porque estou num partido diferente que ia desconhecer o mérito da liderança dele."

Colaboraram a Folha Ribeirão e a Agência Folha, em Curitiba



Texto Anterior: Análise: O Brasil repudia, mas não condena
Próximo Texto: Política externa se fortalece com lista, diz Planalto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.