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Revista "Time" inclui Lula entre os cem mais influentes do mundo
Por ser o primeiro citado na categoria, brasileiro foi visto por algumas horas como o líder mais influente, o que gerou controvérsia; publicação diz não haver ranking
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Primeiro citado na categoria
líderes, o nome do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva entrou na lista das cem pessoas
mais influentes do mundo em
2010 da revista americana "Time", divulgada ontem.
A revista diz não se tratar de
ranking, o que no mínimo deixa
o brasileiro em posto tão influente quanto o do presidente
dos EUA, Barack Obama, quarto mencionado na categoria.
Lula já tinha aparecido na relação em 2004, início da série
anual da "Time". Além de líderes, estão na lista as categorias
heróis (o primeiro nome é o do
ex-presidente americano Bill
Clinton), artistas (como a cantora Lady Gaga) e pensadores.
Mais do que uma medida de
poder, a escolha de Lula um dos
mais influentes reflete a popularidade do presidente ao final
de seu mandato e o impacto ao
redor do mundo da imagem de
"legítimo filho da classe trabalhadora da América Latina",
como descreve a "Time".
Analistas consultados pela
Folha veem a escolha como algo merecido sobretudo por Lula demonstrar que uma pessoa
do povo pode chegar ao poder
num país tão desigual.
Mas afirmam que isso não
significa influência nas grandes
questões políticas internacionais. Apesar da ampliação da
presença do Brasil no cenário
externo, a influência de Lula
não foi suficiente para desembaraçar temas prioritários do
Itamaraty como a Rodada Doha e a reforma do Conselho de
Segurança da ONU.
A própria "Time" afirma que
a lista não se refere aos mais
poderosos. "É sobre o poder da
influência, indivíduos que, com
suas ideias e ações, mudam o
mundo, em geral para melhor",
disse o editor Richard Stengel.
"Lula certamente é alguém
que deixou uma marca", afirmou à Folha Peter Hakim, presidente do "think tank" (centro
de estudos) Diálogo Interamericano. "No caso dele, ser [um
dos] mais influentes significa
ter mais apelo."
Sua posição de semicelebridade fica mais clara quando se
vê o autor de sua biografia para
a "Time". Em vez de um analista, é Michael Moore, diretor e
documentarista crítico do governo e do poder americanos.
Para Moore, Lula é o líder de
uma cruzada das classes baixas
em busca de tudo o que lhes foi
negado no passado. "Enquanto
[Lula] tenta levar o Brasil para
o Primeiro Mundo com programas como o Fome Zero e planos para melhorar a educação
da classe trabalhadora, os EUA
se parecem cada dia mais com
o Terceiro Mundo."
Apesar de a revista repetir
ano a ano que sua lista não diferencia posições, Lula está no
topo dos cem nomes enumerados -a categoria "líderes" é a
primeira a aparecer no site da
"Time"- e foi retratado ontem
na mídia internacional como
"o líder mais influente do mundo". Indagada pela Folha, a revista disse que uma série de fatores influenciam a ordenação
dos nomes da lista, de fotos a
quem escreveu o perfil.
O chanceler Celso Amorim
chegou a dizer que Lula estar
na primeira colocação não surpreende. Dilma Rousseff, pré-candidata do PT, também afirmou que a escolha é "um prêmio a todos os brasileiros".
A afirmação foi feita ontem
na Agrishow, feira agrícola em
Ribeirão. No mesmo evento,
Serra parabenizou o presidente. "O mundo tem uns 200 países, e ele estar nesse grupo de
25 principais personagens é
uma conquista." Os elogios vieram também de Marina Silva,
pré-candidata do PV. "Não é
porque estou num partido diferente que ia desconhecer o mérito da liderança dele."
Colaboraram a Folha Ribeirão
e a Agência Folha, em Curitiba
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