São Paulo, quinta, 30 de abril de 1998

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Nomeação acaba com o duplo comando

FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília

A nomeação de Luiz Carlos Mendonça de Barros para o cargo de ministro das Comunicações acaba com uma situação de duplo poder que vinha se desenhando no ministério desde o afastamento de Sérgio Motta, no início deste mês.
A disputa estava centrada no processo de privatização da Telebrás, a principal atividade do ministério nos últimos meses.
Desde o último dia 13, o cargo de ministro vinha sendo exercido interinamente pelo secretário-executivo do ministério, Juarez Quadros.
Mas a privatização da Telebrás passou a ser controlada pelo próprio Mendonça de Barros, que, por determinação do Planalto, foi nomeado coordenador da comissão especial do ministério criada em 97 para comandar a venda da estatal.
Apesar de estar hierarquicamente subordinado a Quadros, Mendonça de Barros vinha atuando com independência dentro do ministério, devido à sua proximidade com Fernando Henrique Cardoso.
Em um primeiro momento, o mercado financeiro e os grupos empresariais interessados na privatização da Telebrás encararam com naturalidade a situação de interinidade vivida pelo Ministério das Comunicações.
Mas, com a morte de Motta, uma solução definitiva para a hierarquia do ministério passou a ser necessária.
A Folha apurou que a seguinte avaliação foi passada a FHC: a manutenção de Quadros como ministro e de Mendonça de Barros como coordenador do privatização da Telebrás estava gerando intranquilidade no mercado.
Isso porque o fato de haver duas referências de poder dentro do ministério não era um bom indicador de segurança quanto à condução do processo de venda da estatal.
FHC acabou escolhendo Mendonça de Barros por se tratar de alguém com maior influência no mercado (como presidente do BNDES, ele comandou as principais privatizações do atual governo) e com mais intimidade junto ao próprio presidente.
No início da tarde de ontem, Juarez Quadros foi questionado pela Folha sobre sua manutenção no cargo de secretário-executivo do ministério. "Não posso falar sobre isso agora."
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse que FHC gostaria que Quadros fosse mantido.
O presidente da Telebrás, Fernando Xavier Ferreira, avaliou a escolha de Barros como "uma ótima solução", pois ela não significa a chegada de um "elemento novo" na equipe que trabalha na privatização da estatal.
"O novo ministro já está integrado ao processo e tem bom trânsito junto ao presidente Fernando Henrique Cardoso."
Para o presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Renato Guerreiro, não ocorrerão "mudanças significativas" no ministério ou no processo de venda da Telebrás.



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