São Paulo, Sexta-feira, 30 de Abril de 1999
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SISTEMA FINANCEIRO
Ministro admite pela primeira vez comparecer à comissão
Malan afirma que depõe na CPI se for convocado

RENATO FRANZINI
de Nova York


O ministro da Fazenda, Pedro Malan, afirmou ontem que aceita prestar depoimento à CPI dos Bancos. "Se eu for convocado, é claro que vou. Depende de eles (os membros da CPI) me chamarem", disse o ministro, após participar de um almoço em Nova York.
Essa é a primeira vez que o ministro da Fazenda admite em público a possibilidade de depor.
Essa hipótese vinha sendo defendida, em princípio, apenas por senadores de oposição, mas ganhou adeptos mesmo entre aliados do governo após a tentativa frustrada de ouvir o ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes, na última segunda-feira.
Na terça-feira, o presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso deveria designar algum membro da equipe econômica para depor na comissão.
"Penso que alguém do governo deve se prontificar a dizer tudo o que acha. Pode ser Pedro Malan, Armínio Fraga (presidente do BC) ou outra pessoa do governo que se coloque espontaneamente à disposição", afirmou ACM.
Naquele dia, o ministro -que estava em Washington, participando de uma reunião do FMI (Fundo Monetário Internacional)- não quis comentar a possibilidade de depor. Disse que não falaria sobre hipóteses, já que não havia sido convocado.
Durante o encontro do Fundo, Malan evitou falar de política e tentou pintar um quadro otimista da economia brasileira.

Encontros reservados
Além das reuniões com dirigentes do Fundo, Malan teve encontros reservados com investidores estrangeiros e autoridades financeiras dos EUA, do Reino Unido e da Alemanha.
Ontem, Malan falou a 138 pessoas numa reunião fechada no Council of Foreign Relations, uma entidade independente que trata de estudos de assuntos internacionais sediada em Nova York.
Segundo o cônsul do Brasil em Nova York, Flávio Perri, Malan falou por 23 minutos para uma platéia de banqueiros, analistas de mercado e estudiosos durante almoço organizado pelo economista e brasilianista Albert Fishlow.
Na saída, Malan disse que "depende do nosso esforço" conseguir a meta anunciada em Washington pelo presidente do BC, Armínio Fraga, de ter taxas de juros reais inferiores a 10% no final do ano.
Analistas de mercado têm se mostrado entusiasmados com a recuperação econômica do Brasil, mas há quem diga que um possível depoimento de Malan à CPI pode esfriar essa onda de otimismo dos mercados com o país.
"Se Malan for convocado, e eu acredito que ele será, o mercado vai cair devido ao medo", disse à agência ""Reuters" o presidente do banco European Inter-American Finance, Martin Schubert.


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