São Paulo, Sexta-feira, 30 de Abril de 1999
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FHC nega ter falado sobre ajuda a bancos

da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso negou ontem que tenha tratado da ajuda aos bancos Marka e FonteCindam em almoço no Palácio da Alvorada, no dia 14 de janeiro, que contou com a participação do então presidente do Banco Central, Francisco Lopes.
Naquele mesmo dia, os dois bancos foram favorecidos ao comprar dólares vendidos pelo BC abaixo do preço praticado no mercado.
Segundo o porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, "em nenhum momento se falou em Banco Marka ou FonteCindam, instituições de que o presidente só tomou conhecimento (da existência, posteriormente) pela imprensa".
Amaral afirmou que o almoço foi a primeira reunião daquela equipe econômica e serviu para avaliar os resultados da adoção do novo mecanismo da banda cambial, modificada na véspera.
O almoço teve ainda a participação do ministro Pedro Malan (Fazenda), de Amaury Bier (então secretário de Política Econômica da Fazenda) e de Demósthenes Madureira (então diretor da área internacional do BC).
Quanto à insinuação feita por um dos advogados de Francisco Lopes, José Gerardo Grossi, de que a conversa no Alvorada não teria girado em torno de temas como arte, Amaral foi taxativo: "O presidente, como sempre, está esclarecendo os fatos e dizendo o que efetivamente ocorreu".
O porta-voz negou ainda que o presidente tenha tido conhecimento que dois de seus auxiliares mais próximos -o ministro Clóvis Carvalho (Casa Civil) e o secretário de Relações Institucionais, Eduardo Graeff- tenham tido participação na estratégia de adiamento do primeiro depoimento de Francisco Lopes à CPI dos Bancos.
"Inclusive, o presidente se encontrava em viagem à Europa", afirmou Amaral. "Se houver algum esclarecimento sobre o caso, ele só pode ser feito pelos dois."
O porta-voz negou interferência nas CPIs ou atritos com o senador Antonio Carlos Magalhães, presidente do Congresso.
Noutra negativa, Amaral disse que o presidente desconhecia que o banqueiro Salvatore Cacciola havia contribuído com R$ 50 mil para a campanha reeleitoral de FHC, por meio da empresa Sacre.
"O presidente não acompanhou a arrecadação de fundos, não está e nem esteve a par das doações", afirmou Amaral, ressaltando que não havia como o comitê reeleitoral prever que um dos doadores seria suspeito de cometer irregularidades no futuro.


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